O serviço da Maternidade do Hospital Central Ayres de Menezes negou hoje responsabilidades na morte da bebé que teve, alegadamente, o “pescoço partido” durante o parto, justificando que a mãe da criança teve um aborto porque o parto foi prematuro.
Aa diretora da Maternidade Central, Cremilde Bragança disse que a mãe da criança proveniente do distrito de Lobata foi sinalizada com “um trabalho do parto pré-termo e tinha 8 centímetros de dilatação”, pelo que foi-lhe “atribuído um diagnostico que originou um aborto em curso, visto que era uma gravidez de 22 semanas”.
“Por ser um aborto, a paciente não foi levada para a sala de parto em nenhum momento, segundo a enfermeira que esteve de turno, mas foi levada para a sala onde ficam os casos de ginecologia de observação que é a nossa enfermaria de caso de aborto. Pouco tempo depois a senhora expulsou um feto do sexo feminino em que foi pesado na qual tinha 485 gramas, o feto não tinha 500 gramas”, contou.
A responsável, após o parto a enfermeira de serviço preparou o corpo da bebé sem vida e encaminhou para a casa mortuária seguindo o protocolo hospitalar.
“Mesmo se fosse na Europa, dificilmente esse bebé sobreviveria, porque é um aborto, visto que a maturação pulmonar do feto é feita a partir de 24 semanas, então um feto de 485 gramas, jamais sobreviveria, porque a sua viabilidade não era compatível com a vida, ela ainda não respirava, […] não tinha capacidade de sobreviver” disse a diretora.
Cremilde Bragança justificou que a criança não deve ser registada porque tinha apenas 22 semanas ou seja menos de seis meses.
“Pela lei de São Tomé e Príncipe todos os bebés que nascem com menos de um quilo não são registados, são considerados abortos. Os bebés que nascem mortos com um quilo são registados no registo central e fazem funeral com procedimento legal”, completou Cremilde Bragança.
Sobre o facto de a criança ter o pescoço cortado, alegadamente durante o parto, a responsável da maternidade disse que até a hora da entrevista não tinha visto o corpo, mas prometeu um inquérito para averiguar os factos.
No entanto negou ainda esclarecer a alegada tentativa de ocultar o caso nos serviços mortuários, assim como não se pronunciou sobre os alegados maus-tratos durante o parto, denunciados pela mãe.
