O deputado do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP, oposição), Arlindo Barbosa, foi eleito segundo vice-presidente da Assembleia Nacional, após várias tentativas rejeitadas, em mais de dois anos, pela maioria parlamentar. Para o Presidente da República “foi finalmente ultrapassado um défice democrático”.
Arlindo Barbosa é um dos vice-presidentes do MLSTP, e foi secretário da mesa da Assembleia Nacional durante a última legislatura (2018-2022).
Também um secretário da mesa do parlamento do MLSTP foi hoje eleito, completando a estrutura.
Os lugares estavam por preencher desde o início da legislatura em 2022, porque a maioria parlamentar, liderada pela Ação Democrática Independente (ADI), com 30 eleitos entre 55 deputados, rejeitou, em várias sessões de votação secreta, todos os nomes propostos pelo MLSTP.
«Assistimos durante mais de 2 anos uma situação que deveria ser evitada. Lamentavelmente o partido no poder, a ADI teimava, não permitindo que o MLSTP pudesse indicar os seus representantes na mesa da Assembleia Nacional», afirmou o líder da bancada parlamentar do MLSTP, Raúl Cardoso, citado pelo jornal Tela Non.
No ano passado, o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, considerou que a situação representava um retrocesso para a democracia do arquipélago, mas agora declarou-se aliviado.
“É um bom sinal, um grande alívio. Era uma preocupação que eu próprio já tinha manifestado várias vezes […] eu acho que foi finalmente ultrapassado um défice democrático”, disse Carlos Vila Nova, quando interpelado pela RSTP sobre a situação.
Além dos membros da mesa do parlamento, os deputados elegeram o ex-primeiro-ministro e deputado do MLSTP, Jorge Bom Jesus, como um dos representantes do parlamento no Conselho de Estado, e ainda, Waldyner Boa Morte, um outro representante indicado pelo mesmo partido, foi eleito membro do Conselho Superior de Imprensa.
A viabilização destes nomes acontece após o Presidente da República ter demitido o Governo do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, em 06 de janeiro.
Desde então, Patrice Trovoada que é também presidente da ADI, abandonou o país e tem comunicado através de vídeos nas redes sociais, tendo admitido que a ADI vive o “período mais difícil da sua existência” e corre o risco de desaparecer, após “o golpe” que derrubou o Governo.
“Havia algum bloqueio nessa questão. Mas um bloqueio que segundo os deputados da ADI com quem falei, não dependia deles, mas sim da direção nacional do partido, e as ordens que recebiam eram para não viabilizar”, pontuou o líder parlamentar d MLSTP, Raúl Cardoso, citado pelo Tela Nón.
Na mesma sessão plenária em que foi eleito segundo vice-presidente da Assembleia Nacional, Arlindo Barbosa estreou-se a presidir a Assembleia Nacional, pois teve que substituir a presidente do órgão, Celmira Sacramento, que teve que se ausentar por questões, num altura em que o primeiro vice-presidente, Abnilde de Oliveira esteve no aeroporto, na despedida ao presidente da República que se deslocava ao estrangeiro.
