A Rede das Reservas da Biosfera da UNESCO na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP MaB), reafirmaram o compromisso na promoção e conservação da biodiversidade e promoção do turismo e sustentabilidade nos países lusófonos.
O compromisso ficou patente durante a abertura do 3º encontro da organização que decorre na Ilha do Príncipe, considerada como uma referência nacional e internacional na conservação ambiental.
“Hoje [a Ilha do Príncipe] é subvalorizada com a sua classificação pela UNESCO na sua totalidade dos 142 km quadrados da terra e do mar circundante como Reserva Mundial da Biosfera, cujo 59% do seu território terrestre constitui o parque natural, e forma delimitadas 6 áreas marinhas protegidas já na fase da promulgação do respetivo decreto”, disse o Presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento, que defendeu maior engajamento do governo central para juntos ultrapassarem os desafios ambientais que ainda persistem.
“Desde a adaptação e mitigação das consequências das mudanças climáticas, a transição energética, combate a escassez de água e fornecimento de água de qualidade à nossa população, disponibilização de materiais alternativos para a construção, a transformação de forma sustentável de resíduos e combate ao uso de plásticos entre outros projetos que nos permite garantir a visão que nós defendemos da sustentabilidade”, apontou o chefe do executivo regional.
Por outro lado, o chefe do governo são-tomense, Américo Ramos que presidiu a abertura do evento, reconheceu o trabalho do Governo Regional na preservação e proteção do Parque Natural do Príncipe, classificada como Reserva da Biosfera da UNESCO.
“Conscientes de que a degradação dos solos, a desflorestação e a perda da biodiversidade representam ameaças diretas à nossa capacidade de sustentar a vida no planeta, São Tomé e Príncipe, abraçou desde logo o desafio de preservar e proteger o seu ecossistema. Hoje, é motivo de orgulho destacar que os Parques Naturais das Ilhas de São Tomé e Príncipe figuram, globalmente, entre as 32 áreas protegidas mais relevantes para a conservação de mamíferos, aves e anfíbios”, sublinhou o chefe do executivo são-tomense.
“As nossas florestas são as segundas mais importantes de África em termos de interesse biológico, e o nosso arquipélago é frequentemente considerado como as “Galápagos de África”, dada a sua biodiversidade única e extraordinária”, acrescentou.

Américo Ramos considerou ainda que “conciliar a conservação do património natural e cultural e o desenvolvimento sustentável é uma necessidade urgente para o futuro comum.
“O objetivo é claro e urgente: encontrar soluções que nos permitam viver de maneira harmoniosa com a natureza, garantindo a sustentabilidade de todos os seres vivos. A criação da Rede de Reservas da Biosfera da UNESCO na CPLP demonstra o nosso compromisso para com o desenvolvimento sustentável da CPLP, através da promoção de atividades de conservação da natureza e da biodiversidade nos Estados Membros”, precisou o primeiro-ministro são-tomense.
A rede da CPLP conta com 24 Reservas da Biosfera da UNESCO espalhadas entre o Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, e resulta de um processo de diálogo e articulação ao longo dos últimos anos.
A rede das reservas da biosfera da CPLP abrange cerca de 196 milhões de hectares e beneficia diretamente mais de 104 milhões de pessoas nestes territórios.
“Vivemos num mundo cada vez mais globalizado, onde a vulnerabilidade é algo que acontece sem previsão, não é possível fazer previsões, nem planeamentos como no passado [porque] no passado tínhamos tempo e hoje não temo tempo, é urgente mudarmos e aceitarmos que não podemos continuar a gerir a família, a empresa, a cidade, a região, o país, seja lá o que for da forma como temos vindo a fazer até aqui”, disse o representante da UNESCO no seu discurso na cidade de Santo António.

O embaixador de Portugal em São Tomé e Príncipe, Luís Leandro da Silva que também discursou durante o 3º Encontro da Rede CPLP defendeu que “as reservas da biosfera não são apenas as áreas protegidas, mas são também laboratórios vivos que garantem a sustentabilidade”.
“Elas constituem um espaço privilegiado para a promoção de desenvolvimento assente na conservação e sustentável dos recursos naturais e na integração dos recursos naturais em sintonia com a agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse o diplomata português.
“A conservação da natureza e da biodiversidade são obviamente fundamentais, mas também sabemos que há necessidade de conciliar a dimensão ambiental com a dimensão económica que permita gerar riqueza, emprego e fixar populações”, reforçou.

A representante da Rede CPLP Mab assegurou que a sua organização “está em crescimento, como acontece naturalmente com os jovens e novos territórios que já se preparam para se juntar a atuais 24 Reservas da Biosfera”.
Novos territórios da comunidade lusófona deverão ser classificados brevemente como reservas da biosfera, nomeadamente na ilha de São Tomé, Angola, Guiné Equatorial e Timor-Leste.
