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Cerca de 18% da população são-tomense emigrou e mais de metade reside em Portugal – Estudo

Cerca de 18% da população são-tomense, quase 40 mil pessoas, emigraram nos últimos anos e mais de metade reside em Portugal, segundo um estudo do Banco Mundial apresentado hoje, que aponta diminuição das remessas e perturbação da dinâmica familiar.

“A diáspora são-tomense é estimada em pelo menos 39.773 pessoas, ou seja, 18% da população residente”, destacaram os apresentadores do estudo, sublinhando que o número “é significativo, mas não é desproporcional quando comparado a países semelhantes”.

Segundo o estudo, dados do Serviço de Migração e Fronteiras são-tomense sugerem que a “emigração está a aumentar” e “o número de pessoas que viajam para fora do país é duas vezes maior em comparação com níveis pré-covid-19”.

Os dados indicam que em 2019 viajaram 11.714 são-tomenses, número que aumentou para 24.156 pessoas em 2023.

“Em contrapartida, o número de imigrantes que se deslocam para São Tomé e Príncipe é muito baixo (2.139 em 2021) e tem diminuído continuamente nas últimas décadas”, lê-se.

Os são-tomenses com menos de 30 anos representam mais da metade (52%) dos viajantes para o estrangeiro, quando há cinco anos o número era de apenas 31%, sendo a maioria estudantes e indivíduos subempregados, “sem diferenças acentuadas entre os géneros”, acrescenta.

“Mais de metade da diáspora são-tomense (52%) reside em Portugal, seguida de Angola (17%) e do Gabão (16%)”, sendo que “os viajantes para Portugal quase triplicaram, de 7.837 em 2021 para 19.702 em 2023”.

Refere-se que “a migração para Portugal é motivada por laços culturais e económicos, mas foi também impulsionada pela introdução do Acordo de Mobilidade” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a abertura do Centro Comum de Vistos em São Tomé e Príncipe.

No entanto, os dados apresentados indicam que “os migrantes são-tomenses ocupam o quarto lugar em termos de salário mediano mais baixo em Portugal” e ficam entre as 10 nacionalidades com o maior número de desempregados.

Referindo-se a dados do Banco Central de São Tomé e Príncipe de 2024, aponta que “o montante das remessas enviadas pelos emigrantes é relativamente pequeno e tem vindo a diminuir nos últimos anos”, tendo reduzido de 25,2 milhões de dólares (24,2 milhões de euros) em 2014 para 7,7 milhões de dólares (7,4 milhões de euros) em 2022.

Por outro lado, “a migração também pode perturbar a dinâmica familiar e criar desafios para as crianças e os adolescentes”, com consequências para o “desenvolvimento social e cognitivo” da criança, que em regra fica sob a responsabilidade de outros membros da família ou amigos do adulto que migra.

Para melhorar as oportunidades em São Tomé e Príncipe e os benefícios da migração, são apresentadas cinco recomendações, como a melhoria da empregabilidade dos jovens nos setores prioritários, o incentivo às inovações nos serviços de pagamento digital para tornar as remessas mais baratas e acessíveis, a proteção dos membros da família que permanecem no país, especialmente as crianças e adolescentes.

Recomenda-se ainda que sejam explorados os acordos de mobilidade laboral mutuamente vantajosos com os países de destino, bem como o reforço dos sistemas de apoio aos migrantes e o envolvimento da diáspora.

“Este relatório oferece uma base analítica sólida para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas que não apenas aumentam os benefícios económicos para os migrantes, mas também criam as oportunidades para as pessoas que ficam no país e as famílias que cuidam dessas pessoas”, sublinhou o representante do Banco Mundial para Angola e São Tomé e Príncipe, Juan Carlos Alvarez.

O Governo são-tomense prometeu desenvolver ações para a criação de condições para “reduzir as saídas” dos jovens, e, ao mesmo tempo, melhorar os mecanismos de receção de remessas, financeiras e em géneros alimentícios.

“Sabemos que a solução para mitigar os efeitos da emigração não passa apenas por melhorar o envio de remessas para que se possa tirar partido da emigração em massa. A melhor forma de reduzir a saída dos nossos jovens é fazendo a economia crescer e criar oportunidade de rendimento aqui no nosso país. É dessa forma que nós estaremos resolver o problema de raiz”, disse o ministro do Estado, Economia e Finanças, Gareth Guadalupe.

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