Os guardiões da marcenaria na capital de São Tomé e Príncipe

A marcenaria tem marcado gerações e carrega consigo histórias comuns, de pessoas comuns que de forma motivadora buscam por melhores condições.

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Rádio Somos Todos Primos

Anastácio Mendonça e Eusébio Rompão, conhecido por Mercedes, são marceneiros com 52 e 38 anos de experiência e estão instalados na Avenida da Conceição, no centro da capital são-tomense, onde ensinam esta arte há dezenas de jovens, mas hoje reclamam pela pouca procura motivada pelo aumento da emigração.

Anastácio Mendonça é marceneiro há 52 anos e tem a oficina mais antiga na Avenida e diz que começou como aprendiz e por orientação da mãe.

“Quando eu aprendi e vi que eu já sei um bom bocado, então eu abri a minha oficina aqui” contou à RSTP, Anastácio Mendonça.

A oficina de Anastácio Mendonça tem sido um local de aprendizado para muitos jovens, mas com o fenómeno da emigração que se observa no país, tem causado a redução da procura e o desinteresse dos mais jovens em aprender a profissão.

“Agora está a ser difícil, porque muitos jovens não querem aprender”, lamenta, Mendonça recordando que anteriormente eram os próprios pais que levavam os meninos para apreender a marcenaria, sobretudo durante as férias escolares.

Apesar da redução da procura, Anastácio Mendonça assegura que a qualidade dos materiais usados a nível nacional para a produção de mobílias é maior do que os importados do exterior.

“A nossa mobília é melhor, essas mobílias que vêm de lá fora são mobílias só de luxo, é uma mobília que não aguenta por muito tempo”, sublinhou.

Mesmo ao lado da oficina de Anastácio Mendonça, Eusébio Rompão, mais conhecido como Mercedes, também tem a sua oficina de marcenaria, arte que escolheu há 38 anos.

“As coisas estão a correr mesmo normal, só que hoje em dia, está mais difícil, porque muita gente está a sair”, relatou à RSTP.

Mercedes diz que já prestou muitos serviços para as instituições do Estado, sobretudo para a produção e reparação de carteiras e outros materiais escolares.

“Por exemplo trabalhei muito para o Tribunal, Estatísticas, Ministério Público, Educação, mas hoje em dia não, porque Estado não está a ver para os marceneiros” disse Mercedes.

Embora os desafios encontrados por este marceneiro durante o seu percurso, o mesmo diz-se firme e resiliente enfrentando todas as dificuldades.

A marcenaria tem marcado gerações e carrega consigo histórias comuns, de pessoas comuns que de forma motivadora buscam por melhores condições.

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