A investigadora de estudos Pós-coloniais, Raquel Lima, vai estrear em Lisboa, de 3 a 5 de abril, a performance “Úlulu”, uma expressão do crioulo fôrro, que em português significa placenta, que é enterrada juntamente com o cordão umbilical, sendo um ritual antigo da cultura são-tomense.
“Úlulu é uma nova criação que parte de um ritual de São Tomé e Príncipe, do enterro da placenta do bebé e do seu cordão umbilical. Esse movimento que acontece desde uma cultura antiga são-tomense é trazido para a cena para pensarmos de uma forma mais abrangente sobre que cordões é que nós conseguimos encontrar hoje, cordões de nutrição e também de transmissão que nos permitem manter conectados com o planeta”, explica a artista num vídeo partilhado com à RSTP.
“No fundo é um exercício para pensarmos que num contexto de ruína, ruína de valores, ruína de recursos naturais, ruína de uma certa ligação à natureza que se foi perdendo, como é que nós conseguimos encontrar manifestações que nos conectem a este planeta em ruína”, adiantou.
O espetáculo está agendado para o do dia 3, às 19h30 (hora de Portugal), na sala principal do Teatro do Bairro Alto, em Lisboa.
RAQUEL LIMA é poetisa, artista transdisciplinar e investigadora de Estudos Pós-Coloniais com particular interesse na oratura, memória intergeracional, movimentos afro diaspóricos e práticas contemporâneas de escape, abstração e cura. Tem apresentado o seu trabalho artístico e académico em eventos e conferências internacionais como a Bienal de Veneza, o Congresso Mundo de Mulheres em Moçambique e a Bienal de São Paulo.
É licenciada em Estudos Artísticos, publicou o livro “Ingenuidade Inocência Ignorância” e cofundou a União Negra das Artes (UNA). Participou no projeto Essenciais do TBA em 2020.
