A presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de São Tomé e Príncipe (ACASTEP), Eugénia Neto, alertou, uma vez mais, que as pessoas com deficiência, principalmente, visual, têm sofrido no país, exigindo novas ações do novo Governo que tem prometido “não deixar ninguém para trás”.
“[Muitos] acham que nós não temos deficiência visual em São Tomé, porque não se apresenta, muitos estão guardados, muitos têm receios de sair, meia dúzia que andam na praça e pensam que este é limitado, não, somos muitos”, precisou a líder da ACASTEP.
Eugénia Neto falava no ato da celebração dos 32 anos de existência da organização que se assinalou no dia 8 de abril sob o lema “32 anos na Defesa e promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência em São Tomé e Príncipe”, revelando que 405 membros estão inscritos nesta associação que surgiu com intuito de acolher e dar voz àqueles que perderam a visão, e que se sentem excluídos da sociedade.
“Mas ainda existe muitos [deficientes visuais em São Tomé e Príncipe], e queremos fazer um inquérito, dado a condição que a associação não tem, então, por isso que estamos com este número”, frisou apelando ao deficientes para se inscrevem na ACASTEP.
“Por sermos corajosos e sabemos que perdemos a visão, mas não perdemos outros sentidos, então vamos continuar com a nossa coragem, com a nossa luta até um dia que cada um de nós abandonamos este mundo”, acrescentou Eugénia Neto.

Segundo a líder da ACASTEP, a organização tem sido um pilar fundamental para a “libertação das pessoas com deficiência no país”.
“Porque há muitas pessoas que perdem a visão e pensam que o mundo acabou. O funcionamento desta organização confirma as pessoas cegas que o mundo não acabou, a vida continua, podemos fazer tudo, única coisa que teremos que fazer é lutar para que tenhamos a oportunidade e que as pessoas que têm direito de nos dar oportunidades, usem essa consciência de dar-nos oportunidades”, vincou Eugénia Neto, reforçando apelo para as autoridades são-tomenses.
Não deixar ninguém para trás é o lema adotado pelo novo governo são-tomense liderado pelo primeiro-ministro Américo Ramos, por isso a ACASTEP deixou alertas.
“Não deixar ninguém para trás, ouvimos essa palavra todos os dias, mas queremos na prática, não queremos ouvir nas palavras. Até agora ainda não existe nenhuma escola (jardim) para as pessoas com deficiência visual em São Tomé e Príncipe, principalmente para crianças, mas com essas palavras não deixar ninguém para trás, espero que brevemente as coisas mudem para as pessoas com deficiência visual”, acrescentou a presidente da ACASTEP.

Um dos membros fundadores da Associação dos Cegos e Ambliopes de São Tomé e Príncipe, António Costa, considerou que houve várias dificuldades na criação da organização no país, alegando que as pessoas cegas na altura “muitas delas eram abandonadas pela família, crianças em idade escolar que não tinham como ir à escola, e alguns cegos com alguma habilidade faziam cesto, vassouras como meio de sua subsistência”.
“Nós fomos a primeira associação ligada a deficiência criada no país, então as dificuldades foram enormes, não foi nada fácil”, revelou.

A celebração dos 32 anos da ACASTEP, ficou marcado ainda com testemunhos e demonstração das habilidades dos associados desta organização.
