As mulheres de várias vertentes da sociedade civil estiveram reunidas numa “Tarde de Chá sobre a Participação Política das Mulheres” para debater sobre o futuro político em São Tomé e Príncipe, marcando um passo na preparação para as eleições de 2026, que serão as primeiras a aplicar a Lei da Paridade no país.
O evento que foi promovido pelo Ministério da Justiça, Assuntos Parlamentares e Direitos da Mulher, Instituto Nacional para a Promoção e Igualdade de Género (INPG) e Rede das Mulheres Parlamentares, contou com o apoio das Nações Unidas, com o objetivo de promover o diálogo sobre o papel das mulheres na política e consolidar os avanços rumo à igualdade de género.
“Dizer que nós já contávamos com uma resolução de cota de 30%, nós nunca conseguimos alcançar esta cota e hoje felizmente já temos essa lei de paridade, nós estamos a trabalhar na disseminação, e dizer que nós vamos aproveitar a legislação de 2026 para trabalharmos efetivamente, com os partidos políticos e com as mulheres também para que possamos atingir os 40%, ou porquê não, 60% que dita a legislação”, disse a diretora do INPG, Jaiça Lima.

Durante o evento, foram apresentadas as estatísticas que apontam para o avanço da participação das mulheres na política, mas os desafios ainda persistem.
“Vemos um crescimento na presença feminina em cargos políticos, especialmente no Governo, ministérios e alguns serviços, no entanto, dados os dados demonstram que as mulheres ainda estão sub-representadas nos espaços de decisão política, ou seja, no parlamento, nos partidos políticos e algumas situações de liderança executiva”, disse a ministra da Justiça, Assuntos Parlamentares e Direitos da Mulher, Vera Cravid.
“Esta desigualdade não é apenas uma questão de representatividade, é uma questão de justiça, democracia e de eficácia”, acrescentou a ministra.
Segundo Vera Cravid, diversos estudos internacionais e regionais “já demonstram que a participação equilibrada de homens e mulheres na política, contribui para decisões mais inclusivas, políticas públicas mais eficazes e sociedade mais resiliente”.
“Este factsheet não é o fim, mas é um ponto de partida. Ele deve servir como ferramenta para o diálogo, para o planejamento de políticas públicas, para o fortalecimento das capacidades das mulheres que desejam participar da vida política do nosso país”, frisou.
“Queremos incentivar os partidos políticos as instituições públicas e privadas, ONG´s e os parceiros internacionais a usarem essas informações com base para ações concretas, criar programas de formação políticas para mulheres, promover campanhas de sensibilização contra estereótipos de géneros, rever as normas e as práticas institucionais que limitam a igualdade de oportunidades”, adiantou a ministra.

O coordenador residente do Sistema das Nações Unidas, Eric Overvest precisou que “há poucos anos da aplicação da lei de paridade nas próximas eleições em 2026, o papel dos partidos políticos torna-se absolutamente central”.
“São eles [partidos políticos], os grandes canais de acesso a política, os passos onde se constroem lideranças e onde se tomam decisões cruciais sobre quem pode e deve representar o povo”, defendeu Overvest.
A roda de conversa proporcionou um espaço para partilha de experiências e propostas concretas para ampliar a participação feminina nas atividades políticas.
