O projeto Mina Muala Non distribuiu mais de 370 kits de pensos reutilizáveis em várias escolas do país para combater tabus sobre a menstruação e promover práticas menstruais mais saudáveis e sustentáveis entre as meninas de São Tomé e Príncipe.
A iniciativa visa informar e sensibilizar as meninas e raparigas sobre as mudanças da puberdade, com foco especial na menstruação, através de sessões de sensibilização sobre a saúde menstrual, sustentabilidade e literacia corporal.
“Nós falamos um bocadinho sobre o corpo, temos material didático para que as meninas percebam o funcionamento do corpo e depois mostramos alguns produtos menstruais que existem, e mostramos também o que estes pensos que existem a venda nas lojas, podem significar para o corpo e também para o ambiente”, disse Vânia Beliz, uma da voluntarias do projeto em entrevista à RSTP.
“Maior parte dos produtos que são vendidos em São Tomé, são produtos que vêm de outros países que não estão com formas de legislações, por exemplo da Europa, que tem muito plástico químico, alguns têm cheiros que acabam por depois causar alergias, e nós estamos aqui num ambiente muito húmido, onde muitas vezes o plástico acaba por causar alergias na zona íntima das meninas”, acrescentou.
Entre 21 a 25 de abril, foi realizada uma missão educativa, com 12 sessões em diferentes regiões do país, nomeadamente, Caué – Escolas de Angolares e Ribeira Peixe, Lembá – Escola de Diogo Vaz, Água Grande – Escola de Pantufo, Mé-Zóchi – Escolas da Trindade e Monte Café e Lobata – Escola da Desejada.
Em média, foram distribuídos 25 kits por sessão, compostos por três pensos reutilizáveis de pano e uma cueca de algodão. As professoras que acompanharam a sessão, também receberam ofertas como pensos e copos menstruais. Em duas escolas, foram deixados livros educativos sobre a menstruação.
“A nossa proposta é oferecer uns pensos que são impermeáveis, que as meninas ficam secas, mas que são feitos de um pano impermeável que faz com que elas sejam mais confortáveis e não tem químicos, são produtos naturais, algodão natural que são feitos em Portugal, mas, já fizemos reunião com costureiras aqui em São Tomé, com objetivo de ter pessoas que possam fazer os pensos aqui”, disse a voluntária.
“Nós aqui damos as meninas um kit, que tem uma calcinha, uma cueca de algodão e três pensos reutilizáveis, mas depois nós temos outros produtos, porque aqui a maior parte das meninas usam pensos descartáveis, cada penso vai demorar cerca de 800 anos a decompor na terra, então é altamente poluente, e depois, cada uma de nós, mulheres, durante a nossa vida vamos produzir 200 quilos de lixos menstruais, então é muito plástico que nós produzimos”, adiantou Vânia Beliz.
Além das atividades nas escolas, a missão incluiu uma reunião no Ministério da Educação, com o Gabinete Coordenador do Desporto Escolar para discutir as melhores formas de promover ações como estas em diversas escolas do país.
A missão foi inteiramente financiada por doações recolhidas através de uma campanha nas redes sociais. Os custos cobriram a aquisição de produtos reutilizáveis – muitos deles confecionados por mulheres voluntárias, deslocações, alojamento, alimentação e transportes (95% realizados em viaturas de transporte coletivo).