São Tomé e Príncipe participou na conferência sobre a “Justiça para os Africanos e Pessoas de Ascendência Africana através de Reparações”, em Oeiras, Portugal, organizada pelo Grupo dos Embaixadores Africanos em Portugal, a propósito da comemoração do Dia de África, que se assinalou no dia 25 de maio.
O país esteve representado pela Embaixada de São Tomé e Príncipe em Lisboa e, integrou figuras de destaque como o embaixador Esterline Género, a Primeira-Dama Fátima Vila Nova, a professora Inocência Mata, a estilista Roselyn Silva, membros do Governo e entre outros ilustres convidados, reforçando “o compromisso coletivo em promover a justiça histórica e a restituição de patrimónios culturais, abordando as consequências do colonialismo e da escravidão”.

O evento alinhou-se com o tema escolhido pela União Africana para 2025, trazendo à discussão pública a importância de reconhecer as consequências históricas do colonialismo, da escravidão e da exploração dos povos africanos, sublinhando a necessidade de promover a restituição de patrimónios culturais e de construir uma justiça reparadora que vá além da compensação económica.
O diplomata equato-guineense que é também o decano do grupo de embaixadores africanos em Portugal, Mba Ada, foi um dos oradores da sessão e, destacou que o objetivo não é regressar ao passado para atribuir culpas, mas antes encarar com maturidade os efeitos duradouros da opressão colonial e das práticas de desumanização.
“A primeira nota é sobre a própria palavra, que não se limita à ideia de compensação económica, embora esta dimensão, em determinados contextos, seja digna e devidamente sustentada“, sublinhou o embaixador, citado pela RTP.
O representante do Governo da Guiné Equatorial frisou que a “grande injustiça do passado” foi também o modo como o continente foi pensado sem os africanos serem representados, através de uma repartição “a régua e esquadro”.
Na segunda nota, Mba Ada abordou o presente de África que está com uma reconstrução em curso, com “uma missão própria através da União Africana, que projeta um modelo de liderança centrado na governação democrática e na interação económica […], cujos frutos estão a caminho”.
O embaixador citou também a Agenda 2063, da UA, que “delineia uma visão clara de um continente próspero, integrado e em paz, governado pelos próprios africanos”, assim como a criação da “Zona de Comércio Livre Continental Africana, que une 54 países e admite estabelecer o maior mercado integrado do mundo”.
A terceira indicação dada pelo diplomata foi de que o futuro de África deve ser feito com base numa construção partilhada.
“A reparação futura começa agora, e começa connosco“, defendeu.
Segundo a organização, a celebração foi também marcada por momentos culturais e gastronómicos, promovendo a diversidade do património africano junto da diáspora em Portugal.
O evento contou com a representação de países como Angola, Argélia, Cabo Verde, Costa do Marfim, Egito, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Líbia, Marrocos, Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Tunísia e o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Zacarias da Costa.