Mulheres debatem participação feminina na música são-tomense

A conferência que teve lugar no Centro Cultural Português, contou também com a presença das artistas, Kleusa Merry, Morena Santiago e Eurídice Dias, com a colaboração do músico são-tomense, Nezó.

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A investigadora portuguesa, Magdalena Chambel promoveu na capital do país, uma conferência sob o lema “Silenciosas ou Silenciadas”, com o objetivo de discutir os desafios enfrentados pelas mulheres são-tomenses no setor musical, marcado por desigualdades de género e pouca visibilidade do contributo feminino.

Porquê há poucas cantoras em São Tomé e Príncipe? Porquê não há cantoras que se destacou ao nível internacional como nos outros países?”, questionou a investigadora.

A conferência surge no âmbito de um projeto de investigação que a mesma tem desenvolvido sobre as “Mulheres no universo musical em São Tomé e Príncipe”.

No âmbito deste projeto, além da própria investigação, ou seja, entrevistas, recolhas de materiais audiovisual, fotográficos, material áudio, também organizei várias atividades culturais, artísticas, socioculturais, tanto aqui na cidade de São Tomé, como em São João dos Angolares onde decorre a minha residência de pesquisa”, sublinhou.

A investigadora reconhece que existe dificuldade de as mulheres integrarem no panorama musical em São Tomé e Príncipe, mas reforça o apelo.

Eu percebi que é muito difícil ser mulher cantora em São Tomé e Príncipe. Muito sinceramente eu não estava espera de encontra a situação que encontrei. Eu entrevistei as pessoas que neste momento tem 40, 50, 70 e tal anos, as artistas da velha guarda e vi a história delas e, eu vim aqui para ouvir as histórias das jovens e, essas histórias são muito desanimadoras, muito complicadas mesmo ser mulher”, admitiu Magdalena Chambel.

Portanto, mantenham a vossa força, vocês sabem o que querem fazer e tem de seguir os sonhos. Além de seguir os sonhos, tem de trabalhar imenso, procurem quem sabe ensinar, música não é brincadeira, música é um trabalho duro, são várias horas por dia de treinar a voz, praticar, de ensaiar de cantar com pessoas que tocam [porque] não é necessariamente ir ao estúdio e logo gravar uma coisa, é sentar como uma pessoa de bulawê que consegue bater um ritmo”, apelou a investigadora.

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Vanessa Faray, uma das poucas vozes femininas na música são-tomense, e com poucos anos de carreira, apontou algumas dificuldades das mulheres na área musical em São Tomé e Príncipe.

Nós mulheres é que somos silenciosas ou nós estamos a ser silenciadas?, mas muito de nós sabemos que em vários casos somos silenciadas, porque em festivais, no ranking musical somos poucas que participamos”, frisou.

Devemos saber se são os promotores dos festivais é que não chamam, ou as mulheres é que não querem aparecer, mas eu acho que é mesmo falta de impulso, falta de ir buscá-las e dar as mulheres oportunidades. Mas, também deixo um apelo, se não houver oportunidades, façam [porque] as mulheres têm poder muito grande [de fazer coisas maiores], principalmente mulheres são-tomenses”, completou.

A conferência que teve lugar no Centro Cultural Português, contou também com a presença das artistas, Kleusa Merry, Morena Santiago e Eurídice Dias, com a colaboração do músico são-tomense, Nezó, e de outras figuras da música e da cultura são-tomense.

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O projeto da investigadora portuguesa Magdalena Chambel, conta com o apoio do programa Ibermúsicas e com a colaboração da empresa Agro N’Golá, de João Carlos Nezó e de José Chambel.

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