Motivado desde pequeno pela mãe a cantar músicas de grandes nomes da cultura cabo-verdiana, como Lura e Ildo Lobo, Leonardo Rocha, conhecido como Leo, sempre soube que estava destinado para algo maior. Sua grande aspiração? Chegar ao nível da Cesária Évora.
Leo nasceu na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, tem 23 anos e sonha em ser um dos grandes nomes da música cabo-verdiana. O jovem que tem o sangue artístico nas veias, conta que desde pequeno sempre soube que a música era o que estava destinado a fazer, apesar de que o pai o visse mais como um futuro médico. Contrariando todas as expectativas, Leo deixa Cabo Verde aos 19 anos para estudar Multimédia, em Mirandela, Portugal.
“Decidi vir tirar multimédia para que ficasse mais completo como artista, em termos de design gráfico, em termos de videos, algoritmia, programação, essas coisas. Porque eu já conheço de toda parte artística, a música, tocar instrumentos, canto e escrevo. Queria me aprofundar mais na parte audiovisual”, disse.
“Sempre fui moldado pela minha família paterna a ser um homem que deveria montar uma família, trabalhar e seguir aquele percurso padrão da sociedade, mas só que eu sempre tive aquele pensamento de que, eu não vou seguir os sonhos dos outros, quero seguir o meu”, explicou o jovem.

A desenvoltura artística do jovem foi manifestada em diversas áreas. Aos nove anos ingressou numa escola de música onde aprendeu e aperfeiçoou a prática da música, na qual diz não “viver sem”.
“É algo que faz parte de mim, é o meu combustível. […] Já tive namoradas e elas até sentiam ciúmes da música, porque passo por nove, dez horas sempre a tocar. Acordo, tomo o pequeno-almoço, vou às aulas, volto para casa a uma, sempre a tocar”, precisou.
O jovem que aspira ser um cantor de sucesso, não apenas canta, mas também compõe e toca mais de 4 instrumentos, nomeadamente a guitarra, cavaquinho, baixo, flauta, tambor e djembê. Entretanto o cavaquinho é o seu preferido, por ser o primeiro instrumento.
Muito mais do que uma paixão, a música serviu também como consolo, refúgio e escape numa fase de grande dificuldade familiar. Leo, que costuma ver nos obstáculos um desafio para evoluir, passou por um momento delicado no qual gerou uma fraqueza que o levou a isolar-se.

“Quando a minha avó foi diagnosticada com câncer foi um momento muito difícil. Não que eu tenha crescido sem mãe ou pai, pelo contrário, sempre estiveram presentes mas cresci com a minha avó. Eu sempre quis ficar com a minha avó, ela foi a minha mãe, foi meu pai, foi ela quem me educou, e se eu sou quem eu sou hoje é por causa dela.[…] A situação me desmotivou imenso e acabei por parar de participar nas coisas que participava e refugiei-me no estúdio”, disse.
De acordo com o jovem, estes momentos desencadearam uma “onda de motivação e desmotivação”, contudo, a vinda para Portugal, ajudou na recuperação da saúde e bem estar da avó na qual atualmente vive com ele, em Mirandela.
Como muitos jovens, Leo carrega um sonho e vê na música um combustível para alcançar lugares e cativar corações. Em Portugal tem participado em festivais, Shows onde tem encantado o público. Após ter sido o vencedor do concurso Vozes em Cabo Verde, o jovem nunca mais parou e ambiciona o melhor.

“Eu sonho demais, sou muito ambicioso, acho até que é um mal que eu tenho. Eu quero chegar no nível de Cesária. […] Eu não nasci para ser segundo e nem terceiro. A minha única ambição é nunca desistir da música. Na vida não existem sonhos cancelados, apenas foram adiados”, disse.
Leo pretende posteriormente ir a Lisboa onde poderá melhor desenvolver a sua carreira profissional e assim continuar a cantar e encantar com as suas canções, levando a música por todo o lugar, ou ir aonde a música o levar.