Substituição de obras artísticas na Praça da Independência gera polémica

De acordo com Kwame Sousa, foi aprovado pelo governo, um projeto de requalificação dos painéis da praça da independência, que encontravam-se “em estado de degradação”, e que agora terão um novo rosto, com obras que retratam a cultura e história do país.

Cultura -
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Um grupo de artesãos são-tomenses está descontente após ver apagadas suas obras pintadas há cerca de 19 anos nas paredes do ‘Prédio Banco’, na Praça da Independência, alegadamente sem terem sido informados, enquanto os autores de novas pinturas asseguram que é um processo solicitado pelo Governo para conceber novas pinturas que retratam as manifestações culturais do país.

A polémica teve início, porque muitos pensavam que tinham sido apagadas as obras do conceituado artista moçambicano Malangatana, mas imediatamente, um dos artistas envolvidos nos novos projetos de requalificação explicam o sucedido.

“As duas obras de Malangatana, ninguém mexeu, ninguém está a tocar na obra do Malangatana”, explicou o artista, Kwame Sousa, numa live no Facebook.

De acordo com Kwame Sousa, foi aprovado pelo governo, um projeto de requalificação dos painéis da praça da independência, que encontravam-se “em estado de degradação”, e que agora terão um novo rosto, com obras que retratam a cultura e história do país.

“ [O governo] pediu-nos para que nos 50 anos de independência para qualificarmos os murais, e nós estamos a trabalhar nos murais, a preparar as paredes, para elas levarem novas obras que têm a ver com São Tomé. Obras do Tchiloli, obras do Danço Kongo, do Auto de Floripes, do Socopé, do Quiná, cada parede desta vai levar uma obra que identifica São Tomé e Príncipe”, afirmou.

Apesar dos esclarecimentos, o grupo dos artistas que na altura concebeu as pinturas nas que agora foram apagadas, manifestaram a sua indignação.

“No meu ponto de vista a restauração não significa apagar. E essa restauração, no meu ponto de vista também deveria ser feita pelos autores, que estão vivos, estão cá, estão aqui em São Tomé e um deles sou eu. Eu acho que quem deveria restaurar a minha obra sou eu, o autor da obra”, explicou Nezó.

“Não é outra pessoa que vem, sendo colega e apaga uma memória, apaga uma história, apaga o sentimento de um artista. Mas, do moçambicano que está aí, fica. Ele não está autorizado a pagar obras de qualquer artista, ele deveria ser o primeiro a defender, porque ele também é um artista”, sublinhou, Nezó.

Os artistas reclamam também por falta de aviso e informação prévia sobre a eliminação das suas obras.

“Há 19 anos pintamos um painel aqui na praça da independência. Para o nosso espanto, um grupo de pessoas vêm e estão a restaurar o trabalho sem nos consultar, e nós estamos aqui a exigir o nosso direito de autor. Nenhum artista, nenhuma pessoa está autorizada a apagar a obra de um outro artista”,disse Osvaldo Reis.

Apesar da polémica inicial, as pinturas avançam e as paredes do chamado ‘Prédio de Banco’, na Praça da Independência ganham novas cores e vida.

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