Sindicato denuncia “atentado à segurança” da navegabilidade de aviões na ilha do Príncipe

Segundo Pinheiro, as equipas de tripulação dos dois voos realizados esta manhã foram informadas sobre a greve na ilha do Príncipe, antes de levantarem voo, mas prosseguiram com a operação, alegadamente por indicação da direção da Enasa, o que disse ser “grave no controlo do exercício de tráfego aéreo não haver condenação” entre as torres.

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Rádio Somos Todos Primos

A Associação de Controladores de Tráfego Aéreos Santomenses (ACTAS) denunciou hoje um “atentado à segurança da navegabilidade das aeronaves” no Príncipe, coordenadas a partir de uma torre improvisada sem comunicação e visibilidade adequada, devido à greve de profissionais.

“É um atentado à segurança da navegabilidade das aeronaves no nosso espaço aéreo, quebrando todas as regras e protocolos da aviação civil padronizados internacionalmente”, disse à RSTP o presidente da associação, face à greve dos controladores destacados na Região Autónoma do Príncipe que teve hoje início, reivindicando formação.

Segundo o porta-voz dos controladores em greve na ilha do Príncipe, Nilson Fernandes, a direção da Empresa Nacional de Segurança Aérea (Enasa) e demais instituições do Governo foram informadas previamente sobre o início da greve a partir da qual seriam assegurados apenas os serviços mínimos, nomeadamente os voos de emergência ou evacuação médica, mas desvalorizaram o pré-aviso.

No entanto, segundo Nilson Fernandes, perante o pré-aviso de greve a direção da Enasa terá enviado um técnico para a ilha, sob pretexto de realizar inspeção aos serviços e avaliação de desempenho, tendo o mesmo garantido que não iria boicotar a greve.

“Para a nossa surpresa e profunda indignação, após o controlador de serviço o informar que não se vai prestar o serviço porque estamos em greve, ele de forma muito arrogante ordenou ao controlador de serviço que abandonasse a posição para que ele assumisse, e nós não aceitámos”, contou.

Nilson Fernandes referiu que o técnico enviado pela Enasa “tinha um plano B” e passou a usar “uma torre improvisada”, num piso abaixo onde funciona os serviços de meteorologia “e começou a dar instruções às aeronaves”.

“Foi na secção de meteorologia onde não se tem a visibilidade plena para com o aeródromo do Príncipe, onde não se tem o equipamento para garantir a comunicação entre o órgão de controlo e a aeronave para poder prestar informações às aeronaves para efetuarem a aterragem, violando grosseira e barbaramente todas as regras de aviação civil”, precisou o presidente do Sindicato, Wilber Pinheiro.

Segundo Pinheiro, as equipas de tripulação dos dois voos realizados esta manhã foram informadas sobre a greve na ilha do Príncipe, antes de levantarem voo, mas prosseguiram com a operação, alegadamente por indicação da direção da Enasa, o que disse ser “grave no controlo do exercício de tráfego aéreo não haver condenação” entre as torres.

“É a primeira vez ao longo de todos esses anos a verificar uma coisa dessa, e é lamentável. A direção da Enasa, a STP Airways e a Afriget têm que ser responsabilizadas por isso, porque estão a por em causa a vida das pessoas e isto, no contexto da aviação civil internacional, não pode acontecer”, declarou Wilber Pinheiro, que prometeu reportar o caso às instâncias internacionais e nacionais.

A greve dos controladores na ilha do Príncipe foi motivada porque os três profissionais destacados naquela Região dizem ter sido excluídos de uma formação essencial que decorre no Gana, sem justificações convincentes por parte da direção da Enasa.

“A política que a Enasa tem estado a levar em relação a nós aqui no Príncipe, praticamente nós vamos morrer profissionalmente. Estamos estagnados no espaço e no tempo”, lamentou Wilson Fernandes, sublinhando que têm sete a 10 anos de serviço, mas por falta de formações, não têm sido promovidos, como acontece em São Tomé.

A RSTP contactou a direção da Enasa, mas sem sucesso.

Segundo os profissionais, a ilha do Príncipe recebe em média dois voos por dia, alguns provenientes diretamente do estrangeiro, nomeadamente de Libreville, Gabão e Malabo, na Guiné Equatorial.

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