Cerca de 64 habitações ilegais foram demolidas, nesta segunda-feira, 14, no bairro do Talude, em Loures, Portugal, deixando 161 pessoas desalojadas, incluindo crianças e doentes, numa área ocupada só por são-tomenses, que clamam por soluções.
O deputado para o círculo da diáspora europeia, Jozino da Veiga, adiantou que estão a ser analisadas “soluções viáveis” para minimizar o impacto da situação.
Os habitantes do bairro do Talude afirmam que foram “surpreendidos” com a demolição das casas construídas ilegalmente, apesar de terem sido avisados previamente pela câmara municipal de Loures que deveriam abandonar o local em 48 horas.
A vereadora da Câmara Municipal de Loures em entrevista à CMTV, afirmou que a instituição “não irá permitir a continuidade de construções desta natureza”, sublinhando “foi dado o prazo das 48 horas” para que as pessoas se retirassem voluntariamente, mas “todas as pessoas sabem à partida que nem se deveriam ter instalado”.

“Tá a vir desmanchar isto agora, nós não podíamos aceitar. Ou eles têm que organizar, fazer uma reunião com as pessoas e vir conversar com as pessoas como é devido, depois arranjar um sítio para pôr as pessoas. Deveriam dar à pessoa um tempo para se organizar”, disse um morador.
De acordo com o deputado são-tomense do circulo da diáspora europeia, Jozino da Veiga, “Talude, sobretudo onde sofreu a demolição é uma comunidade composta por são-tomenses“, que alegam “dificuldade no arrendamento de uma casa”.
“É uma situação que nos deixa triste. […] o grande problema que as pessoas reportaram é que não conseguem encontrar habitação para arrendar, este é o grande problema, isto é o que leva muitas destas pessoas a recorrerem a esta situação”, referiu o deputado.
Jozino da Veiga apontou também que tem acompanhado este caso desde a primeira demolição no ano passado e que algumas famílias tiveram a possibilidade de obter uma “providência cautelar”, por parte do tribunal, contudo desta vez não foi possível.

De acordo com o deputado a comunidade tem cerca de 62 crianças e também abriga doentes de junta médica e que se vêm “impossibilitados de trabalhar”.
Jozino Veigas apontou também que a embaixada são-tomense vê-se “limitada” em atender todos os conflitos, e que cabe ao governo “criar condições em São Tomé e Príncipe”.
“Ali vivem cerca de 62 crianças, com uma população de 161 pessoas e existem muitas pessoas em Talude que vieram de junta médica. A embaixada também não tem meios para responsabilizar toda aquelas pessoas[…] o que nós podemos fazer, o que o Governo deve fazer é de facto criar condições em São Tomé e Príncipe para que as pessoas sintam à vontade de regressarem e quem está lá não sair mais”, afirmou.
O deputado apontou que tem buscado junto a Câmara Municipal de Loures “soluções viáveis” para a resolução desta situação e que serão fornecidos “apoios pontuais”.
“Nesta fase inicial está a se salvaguardar a questão do alojamento temporário para estas pessoas, […] a alimentação até que se encontre uma solução”.
Jozino Veigas pontuou que Câmara Municipal de Loures através do serviço social, dispôs-se também em “proceder ao pagamento de uma renda e caução a cada família desalojada, após as mesmas encontrarem um alojamento”.