Os controladores de tráfego aéreo são-tomenses suspenderam a greve prevista para quarta-feira (dia 30), após promessa do Governo de melhorar a tapagem de buracos na pista, adquirir viatura de bombeiros especializada e melhorar gestão de recursos humanos, disse hoje à RSTP fonte sindical.
A suspensão foi anunciada pelo presidente do Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo São-tomense (SINCTAS), Wilber Pinheiro, após o segundo dia negociações que terminaram na noite de terça-feira, com a participação do ministro das Infraestruturas, Nelson Cardoso e o diretor geral da Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea (ENASA).
“Obviamente, numa negociação há que buscar consenso, e o consenso implica alguma cedência, mas aquilo que de fato nós consideramos como aspetos importantes, aspetos pertinentes na salvaguarda daquilo que é a segurança operacional, o que norteou o nosso pré-aviso de greve, de facto foram assegurados. Pelo que nesse sentido nós decidimos suspender o pré-aviso de greve”, declarou Wilber Pinheiro.
Segundo Wilber Pinheiro, o Governo “vai envidar esforço” e já tem em curso “um processo de obtenção de crédito por parte da ENASA, e ao que tudo indica, no prazo de um mês esse processo estará concluído” para “contratar uma empresa certificada para a tapagem de buracos na pista e também a aquisição do caminhão de bombeiros”.
Além disso, salientou que “já há um caminhão equipado em São Tomé, e apenas falta resolver a questão burocrática para que o mesmo comece a operar na empresa”.
Wilber Pinheiro disse ainda que “também está assegurada” a questão de formação para os trabalhadores destacados na ilha do Príncipe, indicando que “cabe à empresa apresentar um programa de formação e data de início “o mais urgente possível”.
Acrescentou que também foram criadas comissões de trabalho, para “o mais urgente possível”, fazer todos os levantamentos necessários de forma a buscar soluções para as questões de implementação de radar relativamente ao sistema de navegação por satélite, bem como a rota que liga Libreville a Lagos.
No pré-aviso, que deu entrada no Ministério das Infraestruturas no dia 18, o SINCTAS denunciou “um conjunto de falhas estruturais e práticas nocivas de gestão” que atribuiu a atual Direção-Geral da ENASA, cujos efeitos, segundo o sindicato, “colocam em sério risco a segurança operacional da aviação civil nacional”, comprometem a imagem do país a nível internacional, “e resultam em prejuízos financeiros substanciais ao Estado”.
Entre os principais problemas, o sindicato destacou a existência de “buracos na pista tapados com betão, reduzindo a capacidade da infraestrutura”, contrariando as normas da Organização Internacional de Aviação Civil, (ICAO, na sigla inglesa), “falhas crónicas e permanente no sistema de coordenação” do serviço de tráfego aéreo com os países vizinhos desde o início do ano.
O sindicato apontou ainda a “falta de controlo da rota Libreville-Lagos” que atravessa o espaço aéreo são-tomense “com implicações direta na segurança operacional e receitas para empresa”.
A “ausência de cobertura RADAR, falta de meios de combate a incêndios no Aeroporto de São Tomé e inexistência total no aeródromo do Príncipe, bem como a ocultação deliberada de falhas operacionais perante as companhias aéreas por parte da Direção-Geral da ENASA”, foram denunciadas pelos controladores de tráfego aéreo.
Estes profissionais apontaram também problemas internos, nomeadamente o que consideram de “gestão clientelista e divisionista, com distribuição de cargos, viagens e regalias à certos profissionais, em detrimento do mérito e da transparência, bem como, as nomeações e atribuições de compensações sigilosas àqueles que garantam proteção à esta direção face a sua má gestão”.
Hoje ao comunicar a suspensão da greve, o presidente do SINCTAS assegurou que “todas essas questões foram discutidas e houve um compromisso por parte da direção da ENASA em mudar a abordagem relativamente à questão de gestão de recursos humanos”.
