Ator são-tomense Angelo Torres realiza filme “Chuva de Gravana” inspirado no Tchiloli

Com duas curtas metragem e três documentários já publicados, Ângelo Torres diz que continua focado no desenvolvimento do cinema em São Tomé e Príncipe.

Cultura -
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O ator e cineasta são-tomense, Ângelo Torres está a realizar um filme denominado “Chuva de Gravana”, que vai retratar de forma moderna a história da tragédia Marquês de Mântua, conhecida local e internacionalmente por Tchiloli.

“Acompanhei o drama do trágico do tchiloli, para criar uma história dos nossos dias, baseada nesta tragédia do tchiloli. É um triângulo de dois jovens e uma jovem”, disso o ator.

Segundo Angelo Torres, os atores do filme “Chuva de Gravana” terão nomes iguais ou semelhantes aos da Tragédia como “Reinalda de Montalvão, Carlos V, que é o imperador, Carloto, Valdevinos, Sibila, que foi mudado para Sabela e Galelão, que foi mudado para Manuelão”.

E os restos são nomes do cotidiano de São Tomé, nos tempos modernos“, frisou.

A obra contará com 17 atores, dos quais 15 são são-tomenses, demonstrando o forte envolvimento local no projeto.

Angelo Torres diz que sonha com uma produção 100% são-tomense, o que não foi possível desta vez, mas desde já, assegurou a participação de são-tomenses nas equipas de assistência, realização, som, e direção de artes nesta produção na “Chuva de Gravana”.

“De forma a deixarmos cá uma base para este filme ser o pontapé de saída para  futuros projetos que pretendo trazer para São Tomé. E o meu sonho é daqui há máximo cinco anos, podemos fazer um filme, uma série, uma novela, com atores, técnicos de pré-produção, produção e pós produção só são-tomenses”, ressaltou.

Com duas curtas metragem e três documentários já publicados, Ângelo Torres diz que continua focado no desenvolvimento do cinema em São Tomé e Príncipe, sobretudo para jovens do arquipélago.

“Pretendo é que depois disto apareçam mais miúdos, jovens, com vontade de realizar. Eu não quero ser único, quero ser a pessoa que dê o pontapé de saída para que apareçam mais jovens com vontade de fazer cinema, e que acreditem que em São Tomé é possível fazer cinema”, explicou o ator.

Temos um país, ao nível de paisagem maravilhoso para filmar, é um set natural para filmar e fazer o que se quiser, basta apontar a câmara para um sítio e temos histórias“, acrescentou.

Em São Tomé e Príncipe, a chuva, retrata a época chuvosa, enquanto a gravana retrata a estação seca. É neste paradoxo que Ângelo Torres se inspirou para dar nome ao seu próximo trabalho, intitulado “Chuva de Gravana”.

“Como tudo em São Tomé, tem dois significados. Aqui no norte a chuva de gravana é uma coisa esquisita, uma coisa rara, uma coisa de muito valor. Mas, no sul que chove muito, até na gravana chove, a chuva de gravana não tem valor nenhum […], então, eu quis brincar com a imagem e seu reflexo”, referiu.

O ator apelou também para uma maior contribuição dos são-tomenses no desenvolvimento do país, onde todos “arregaçam as mangas e trabalham”.

“É raro hoje ouvir-se alguém falar bem de São Tomé, quando se fala de São Tomé a primeira coisa que se faz é falar mal, […] o país tá mal? tá, mas há muitas coisas boas, e se o país está mal está mal por nossa culpa, e se é a nossa culpa a solução está em nós. Devemos vir cá contribuir arregaçar as mangas, dar de si para consertar isto, que eu acredito piamente que tem conserto”, apelou.

O filme Chuva de Gravana está a ser gravado em São Tomé e Príncipe até meados de agosto e conta com parceria e financiamento do Instituto de Cinema de Portugal, no âmbito de um concurso destinado aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, do qual o projeto de Ângelo Torres foi vencedor.

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