A jovem atriz e rapper são-tomense Vanessa Faray está a participar numa residência artística sobre “Resistência e Afirmação Cultural” que decorre em Maputo, Moçambique, na qual considerou muito inspiradora permitindo aprender técnicas novas e trocar experiências com colegas e sete países da língua portuguesa.
A residência é organizada pela Associação Cultural Scala, em parceria com Khuzula Investments, com o apoio do PROCULTURA, financiada pela União Europeia em Moçambique, co-financiada e gerida por Camões, I.P., com o objetivo de investigar e recriar as manifestações culturais ocorridas durante o processo de libertação colonial.

“Esta residência aqui em Maputo tem sido inspiradora, porque é um encontro de cultura, de trocas de culturas, trocas de experiência e eu como artista aprendo muito todos os dias. Aprendo coisas novas, técnicas novas e é super importante para mim como artista e mulher são-tomense que sou”, disse a artista à RSTP.
“Como são-tomense e estar aqui e afirmar a nossa cultura é fazer presente a cultura são-tomense, na dança o teatro a música e sem esquecer o nosso crioulo fôrro”, acrescentou Vanessa Faray.
São Tomé e Príncipe, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Timor Leste e Portugal são os países que integram este projeto de recriação de manifestações artísticas ocorridas durante o processo de libertação colonial dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, assim como durante as lutas antifascistas em Portugal, promovendo uma releitura crítica da produção cultural.

Embora existam algumas diferenças culturais, Vanessa ressaltou que as manifestações culturais não fogem muito ao padrão, tendo sublinhado que o idioma em comum tem sido uma das maiores vantagens da residência.
“Estou tendo o enorme prazer em aprender o dialeto do Timor que é o Tétum. Embora as danças do Timor sejam um pouco diferentes, elas não fogem muito do padrão”, disse.
Vanessa revelou que esta residência “vai impactar muito na sua carreira como cantora, atriz e dançarina e que deseja dar destaque ao país“.

“Meu objetivo é levar a África para a sociedade são-tomense, porque é algo que precisamos muito e com urgência, porque estamos a perder a nossa identidade. Fala-se muito em São Tomé e Príncipe sobre a nossa ancestralidade que está a se perder, então seria uma contribuição muito grande da minha parte como artista”, explicou.
Vanessa revelou que está a trabalhar num projeto musical com o conceituado músico moçambicano, Stewart Sukuma, no âmbito desta residência, o qual será posteriormente levado ao público.