Apesar de estar ligado à biologia feminina, a enfermeira e consultora de amamentação Hortência Caluaco explica que o ato de amamentar não se resume apenas ao instinto e que a dor não deve ser frequente, pois a amamentação pode ser aprendida e, quando realizada de forma correta, torna o momento mais agradável tanto para a mãe como para o bebé.
A enfermeira e consultora de amamentação, Hortência Caluaco, declarou em entrevista à RSTP, sobre as questões relacionadas à amamentação e cuidados pós-partos para as mães e os bebés.
A consultora destacou os mitos, verdades e alguns tabus relativamente à amamentação, que de acordo com a mesma “não é um instinto feminino”.
“Não diria que é um instinto, é algo que podemos aprender. É a partir do momento em que o bébé nasce principalmente e, pode ser ensinado. Apesar de você já ser mãe, não é só colocar a mama na boca da criança, existem formas de colocar a mama na boca”, disse.
A consultora realçou que “as dores são aceitáveis, durante os primeiros dias por ser a fase de adaptação do corpo às alterações, contudo, que ao longo do processo de amamentação não se deve sentir dores”.
“Nessa primeira fase recomendamos que se evite o banho morno, fazer compressa fria para dar aquela aliviada e livre demanda. O bebé amamenta sempre que quiser para diminuir o leite nos seios. Mas passou desta fase, a mãe deve amamentar sem dores”, explicou.
Fatos como “pega incorreta da mamã pelo bebé” é também um motivo que causa dores durante a amamentação.
Hortência, que presta consultoria a várias mulheres, afirmou que há uma grande resistência do público feminino são-tomense em procurar os seus serviços devido a estigmas, como a ideia de que “a mulher negra pode aguentar tudo”.
“Em São Tomé, convencer as mulheres em relação a isso é muito difícil, principalmente são-tomenses que nunca saíram do país para ver uma realidade diferente. Continuam ali, com aquela realidade de está tudo bem sentir um pouquinho de dor, e vai aguentando”.
A enfermeira acrescentou também que observou haver no país “crimes relacionados a violência obstétrica” e, que é necessário denunciar os mesmos.
“Elas dizem: a enfermeira bateu-me durante o parto e eu falo para elas que isto não deve acontecer, e tinha que denunciar”, acrescentou.
Ao longo da entrevista, foram abordados temas como a duração do período de amamentação e o uso de chupetas.