O Governo são-tomense distinguiu hoje a poetisa Conceição Lima como embaixadora cultural de São Tomé e Príncipe em reconhecimento pelo seu papel na valorização e promoção da identidade cultural do país no plano internacional.
A homenagem foi feita durante o ato central presidido pelo Presidente da República, Carlos Vila Nova, de celebração do dia da mulher são-tomense que hoje se assinala.

No despacho de nomeação lido na cerimónia, a ministra dos Negócios Estrangeiros Ilza Amado Vaz fundamentou a decisão, sublinhando que Conceição de Deus Lima “se afigura atualmente como a maior escritora e poetisa são-tomense cuja obra poética é internacionalmente reconhecida com traduções em mais de uma dezena de línguas”.
“São Tomé e Príncipe se orgulha de ter entre os seus uma cidadã de tamanha dimensão, que é concomitantemente uma jornalista de prestígio internacional e intransigente defensora do bem comum, dos direitos, liberdades e garantias fundamentais, em particular no domínio dos direitos da infância e adolescência, da igualdade do género e no empoderamento das mulheres, bem como da proteção do património histórico, da conservação da natureza e da salvaguarda dos ecossistemas e da biodiversidade”, indica o despacho.

A poetisa Conceição Lima “contribuiu para que São Tomé e Príncipe seja hoje um país com maior visibilidade internacional”, e é homenageada também “por abordar, como nenhum outro”, as gentes, mitos, utopia e desígnios coletivos do país, refere.
“Um fenómeno literário nunca antes testemunhado no nosso país aclamado pelos quatro cantos do mundo por dar voz a alma da lusofonia”, acrescenta-se, reconhecendo o “seu importante papel na valorização da identidade cultural do país no plano internacional e na afirmação e promoção da diplomacia cultural”.
Conceição de Deus Lima nasceu em 08 de dezembro de 1961, é membro fundadora da União Nacional dos Escritores e Artistas Santomenses (Uneas).

“Recebo a elevada distinção que me foi hoje conferida e que me comprometo a honrar integralmente com a profunda consciência de que outros são merecedoras e merecedores da mesma distinção”, disse a poetisa na sua intervenção.
Conceição Lima aproveitou para exortar “os decisores e decisoras a assumirem a promoção e preservação da identidade cultural são-tomense, a transmissão dos valores identitários para as novas e futuras gerações como um imperativo sistematizado para o autoconhecimento”.
A poetisa alertou ainda que “as línguas autótones estão sobre sérias ameaças”, e sublinhou que o português, “a língua oficial do Estado”, que vários autores, escritores e poetas, “anunciaram a Nação antes do hino e da bandeira” também “reclama uma atenção bem mais robusta e bem mais assertiva”.
Conceição Lima sublinhou que “o reconhecimento internacional de escritores são-tomenses é um motivo de acrescida satisfação”, mas alertou que “não pode este reconhecimento estar divorciado do conhecimento nacional sistematizado” da literatura dos autores são-tomenses.
Para realçar a importância da identidade e cidadania são-tomense, Conceição Lima citou a poetisa Alda do Espírito Santo, referindo que “a cultura é o bilhete de identidade de um povo”.

“O sentido de pertença é elementar, intrínseco e inalienável não podendo ser tomado por empréstimo ou por transação. Nós somos porque somos, nós somos porque queremos ser e porque não podemos deixar de ser. Foi sempre e continuará a ser esse o meu entendimento, o meu sentimento e a convicção que me guiará como representante e embaixadora cultural de São Tomé e Príncipe. O meu espírito e o meu compromisso é o de servir São Tomé e Príncipe, o povo e a Nação”, declarou Conceição Lima.