O presidente do Governo Regional do Príncipe prometeu hoje tudo fazer para convencer a empresa HBD Príncipe, do sul-africano Mark Shuttleworth, a não cessar os investimentos e sair da ilha face a acusações de ações neocolonialistas pelas quais responsabilizou os partidos e políticos da oposição.
“Tudo estamos a fazer e estamos também em contacto com as autoridades nacionais e vamos fazer de tudo e esgotar todas as vias no sentido se inverter essa intenção”, disse Filipe Nascimento em declarações à Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe.
O presidente do Governo Regional do Príncipe disse que recebeu a comunicação de Mark Shuttleworth na segunda-feira e lamentou “abordagens tristes e irresponsáveis” dos últimos tempos, que atribuiu à forças políticas, dirigentes políticos e fontes noticiosas do país contra a empresa para “tentar tirar dividendos políticos”.
“É uma parceria que tem dado fruto e vemos que não é benéfica para ninguém essa intenção manifestada pela empresa”, admitiu Filipe Nascimento.
O líder do executivo regional do Príncipe, considerou a HBD como “um parceiro credível que tem feito vários investimentos e com planos de continuar”.
Também a União para Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), presidida por Filipe Nascimento, lamentou e condenou “as atitudes que afrontam os investidores” e repudiou “veementemente as acusações, infundadas, caluniosas feitas de forma leviana, numa tentativa desesperada de manchar a reputação da empresa HBD, do Governo e a imagem da Ilha do Príncipe”.
“A UMPP regista com profunda preocupação, as intervenções irresponsáveis e insultuosas nas redes sociais, nos últimos tempos, com abordagens irresponsáveis como: chamar de maluco o investidor, acusar o Governo e a HBD de associação criminosa, chamar de levianos, de implementação de regime apartheid, de práticas de racismo, de promoção de neocolonialismo, e de acção judicial contra a empresa nos tribunais, protagonizadas pelos senhores líderes políticos, deputado e líder do MVDP, Sr. Nestor Umbelina, e do deputado e Secretário Regional do MLSTP, Sr. Conceição Moreno”, lê-se no comunicado da comunicado política da UMPP.
A empresa HBD Príncipe, do sul-africano Mark Shuttleworth, o maior investimento turístico no Príncipe, comunicou às autoridades regionais que decidiu cessar os investimentos e sair da ilha face a acusações de ações neocolonialistas.
“Se existem fações de liderança fortes que acreditam que o nosso trabalho é feito de má-fé, com intenções neocoloniais, então seria melhor retirar-nos por respeito à autonomia do Príncipe. A minha equipa e eu sentimos que atualmente somos vistos como benfeitores e sacos de pancada, conforme o que for mais conveniente no momento”, acrescenta Mark Shuttleworth.
A HBD é a maior empresa na ilha do Príncipe com vários investimentos no setor do turismo, garantindo milhares de emprego à população da ilha, além de apoiar a construção e reabilitação de várias infraestruturas.
O empresário garante que o objetivo do seu trabalho no Príncipe, iniciado em 2010, “nunca foi comercial” e por isso não insistirá para manter os negócios na ilha.
“Por esse motivo, tomei a decisão de solicitar à minha equipa que procure investidores alternativos que possam levar adiante esses negócios com melhor aprovação da liderança do Príncipe e discutir o processo pelo qual encerraríamos graciosamente os investimentos em ecoturismo e agricultura da HBD no Príncipe. Solicitei à minha equipa que trabalhe com o seu governo para tornar essa transição, de volta às mãos do Príncipe, tranquila”, lê-se na carta enviada ao presidente do governo da Região Autónoma do Príncipe, Filipe Nascimento.
