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A Fórmula: Reflexões sobre o Sucesso e o Fracasso Político em São Tomé e Príncipe”

Voltando à questão principal: o que faz com que um dos políticos mais bem-sucedidos da história recente do país seja, ao mesmo tempo, o mais fracassado de todos os tempos?

 

O sucesso político pode ser definido como a capacidade de alcançar objetivos estratégicos, implementar políticas eficazes e sustentar o apoio público ou institucional dentro de um contexto político. Geralmente, combina elementos de competência, liderança e habilidade para lidar com o jogo de poder.

Há já algum tempo que não escrevo, nem partilho qualquer opinião sobre a política santomense. A razão é simples: perdi o interesse. Afinal, a política em si tornou-se desinteressante. Mas, acima de tudo, estou focado noutros interesses nos quais acredito poder contribuir melhor, criando valor e emprego para as pessoas que tanto precisam.

Os argumentos que sustentam esta falta de interesse na política do meu país são variados. Reparem que, no final do ano passado, São Tomé e Príncipe recebeu uma excelente notícia: deixou de ser considerado um dos países mais desorganizados, passando para a categoria de “desorganizado”.

Em condições normais, esta notícia poderia ter servido como um ponto de partida para galvanizar o país, impulsionar a economia e, acima de tudo, mobilizar as pessoas. O mais importante seria travar o êxodo populacional que o país tem enfrentado. Contudo, como devem recordar, esta situação gerou divergências entre os órgãos de soberania.

 

O que vimos, no entanto, foi nada. Nem iniciativas, nem mobilização. O que temos é, infelizmente, mais do mesmo: um grupo de homens e mulheres que não conhecem os seus propósitos e que estão dispostos a fazer de tudo para alimentar os seus egos pessoais. É aqui que reside o problema. Cargos públicos, por definição, pressupõem que quem os ocupa o faz em nome do povo que o elegeu e confiou o seu futuro à sua figura.

Há um problema recorrente na política santomense, comum à maioria dos políticos: a falta de clareza. A razão para isso é simples: ninguém sabe nada acerca de controlo emocional.

O controlo emocional refere-se à capacidade de reconhecer, compreender e gerir as próprias emoções de forma equilibrada, mesmo em situações desafiantes, mantendo o autocontrolo e evitando reações impulsivas. Este é um comportamento fundamental para o bem-estar pessoal e para uma convivência social saudável.

Para que se compreenda melhor: todos conhecemos histórias de recém-casados, apaixonados, que, três meses depois, entram em litígio para se divorciarem porque, afinal, perceberam que são incompatíveis. Para mim, isto reflete mais uma falta de controlo emocional – ou, por outras palavras, falta de tolerância. Este fenómeno não é exclusivo, é algo que afeta grande parte dos santomenses. E é precisamente por este motivo que não existem mudanças profundas na política do país.

Voltando à questão principal: o que faz com que um dos políticos mais bem-sucedidos da história recente do país seja, ao mesmo tempo, o mais fracassado de todos os tempos?

 Se acompanharem o meu raciocínio, irei responder a esta e outras perguntas na segunda parte deste artigo.

 

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