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A Universidade e a Liberdade Académica

Uma Universidade é um laboratório, uma oficina modelo onde os Mestres e os Discípulos produzem ideias e conhecimentos.

Ontem como hoje a Universidade deve ser o lugar da Liberdade no sentido  mais profundo do termo na Educação pela Liberdade e para Liberdade. A Universidade precisa de dar aos jovens uma formação de base- generalista, científica, cultural- e ter as bases para a nossa vida pessoal e profissional.

A Universidade não serve para formar “SSS” ( Especialistas, Especialmente e Especializados), mesmo quando é isso que a sociedade nos pede em tempos de crises. A Universidade não serve para formar para empregos imediatos, mas sim, para todos que iremos ter durante a vida. Serve para dar as bases culturais e cientificas que permitam a cada um fazer o seu próprio percurso pela vida e pelo trabalho .

É neste longo caminho  que define a vida de uma Universidade e não num presente tantas vezes acanhado e medíocre. É esta rigidez que continua a marcar muito o Ensino Universitário que está, tantas vezes, fora do nosso tempo, da nossa maneira de aprender, de viver e de relacionar. Precisamos por isso de uma educação liberal que organiza os estudos e os currículos sem a rigidez habitual, juntando disciplinas permitindo percursos mais flexíveis e individualizados e que se encontram sempre na convergência entre áreas diferentes, como por exemplo, entre a Medicina e a Engenharia; o Direito e a Economia; a Física e as Ciências Sociais; a Matemática e as Artes; as Humanidades e as Tecnologias, e por ai adiante. Precisamos de uma Educação Liberal que valoriza as Línguas.

Educação Liberal e a Liberdade Académica

Uma Universidade é um laboratório, uma oficina modelo onde os Mestres e os Discípulos produzem ideias e conhecimentos. Sim, substituí a palavra Professor por Mestre e alunos por Discípulos como verdadeiros operários e aprendizes que não  têm por preocupação e ocupação consumir ideias, mas sim produzi-las. É na produção de ideias e não no consumo passivo que se forma um estudante universitário.

A tradição do seminário grandemente subvertido nas Universidades ilustra bem o princípio exposto (Mestre e Discípulos). Este princípio tem ganho uma inesperada dimensão nas nossas sociedades em redes, sociedades de comunicação, sociedade onde a aprendizagem se constrói mais e mais, através do estudo autónomo, em grupo, do trabalho e da pesquisa da colaboração e das relações. É isto que define o trabalho nas grandes Universidades e no Mundo, infelizmente ainda não é isto que define o trabalho nas maiorias das Universidades, sobretudo em Portugal .

Hoje, por vezes parece que, o bom professor é aquele que dedica o menos tempo possível à essa tarefa, inútil para alguns, de ensinar, de elaborar e publicar artigos. Precisamos urgentemente de inverter esta situação, precisamos de recuperar a Liberdade Académica que temos vindo a perder  e o sentido da Universidade.

As Universidades têm hoje um dever de presença, uma responsabilidade imensa perante as populações e o seu futuro em todos os planos, desde logo no conhecimento do País e depois numa ação para lá das normas. As Universidades não são uma despesa, não são mais um problema para as finanças, mas sim, são e têm de ser um espaço de respostas, de soluções sociais, culturais e económicas. Temos para isso de inventar técnicas e espaços entre a Universidade e a Sociedade, entre a Universidade e a Economia. Espaços de valorização social e económica do conhecimento de criação de emprego e das transformações tecnológicas .

É esta a viragem que as Universidades têm de fazer para estar à altura das suas histórias e do nosso século. Para isso precisam de uma autonomia que infelizmente não possuem, como verificamos todos os dias nas grandes gerências, nesse inferno de burocracia, de regulamentos e de regulamentações, de normativos que destroem a vida Universitária. Nada se fará nas Universidades sem o mínimo de meios e o máximo da Liberdade.

“Sem a Liberdade não a Universidade, é pela Liberdade que se educa, é pela Liberdade que se faz a Cultura , é pela Liberdade que se produz a Ciência.”

Anaximandro Ferreira Monteiro – Aluno de Gestão de Recursos ISCSP -Universidade de LISBOA

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