Contra o ódio, pela responsabilidade e verdade
Vivemos tempos conturbados, onde a responsabilidade parece ser um valor em extinção. Em São Tomé e Príncipe, certos internautas e políticos irresponsáveis têm demonstrado uma alarmante incapacidade de ler, compreender e interpretar factos de forma honesta. Em vez de promoverem a união e a verdade, preferem alimentar narrativas distorcidas, alicerçadas em emoções, preconceitos e, muitas vezes, má-fé.
Gostaria de deixar claro, de forma inequívoca, que sou absolutamente contra a morte de civis ocorrida no quartel das Forças Armadas, no dia 25 de novembro de 2022. A vida humana é inviolável, e qualquer atentado contra ela merece o nosso repúdio. Os malfeitores, aqueles que agiram à margem da lei, devem ser severamente punidos. A justiça deve prevalecer — mas uma justiça feita com seriedade, equilíbrio e verdade, não com ódio ou vingança.
Infelizmente, temos assistido a um perigoso culto de ódio na sociedade santomense. Este ambiente é fomentado por discursos irresponsáveis, muitas vezes inflamados por interesses políticos e pessoais. Há uma polarização crescente que contamina o debate público e impede a construção de um país justo, transparente e democrático.
Em relação ao relatório da CEEAC sobre os acontecimentos de 25 de novembro, é preciso dizer com toda a clareza: trata-se de uma opinião daquela organização. Não possui qualquer valor jurídico vinculativo. É lamentável ver como, a partir de uma leitura parcial ou manipulada, muitos se atrevem a tirar conclusões que o próprio relatório não afirma. O que preocupa ainda mais é ver instituições — e invisibilidades com responsabilidade — contribuírem para esta desinformação, sem o mínimo sentido crítico ou compromisso com a verdade.
A democracia exige mais do que gritos. Exige responsabilidade, leitura atenta, reflexão e, sobretudo, respeito pela verdade. Não podemos permitir que a ignorância, disfarçada de opinião, continue a ditar o rumo do nosso país.
Enquanto cidadão, recuso-me a ficar calado diante desta degradação do debate público. É tempo de resgatar a razão, a responsabilidade e a empatia. São Tomé e Príncipe merece mais.
Por
Amador Cruz
