Dilemas presidenciais: Situações atípicas requerem decisões atípicas
Uma vez mais vamos para umas eleições e desta vez presidenciais! Como anteriormente escrevi, o país vive atualmente uma democracia meramente eleitoral, o que quer dizer que as eleições embora periódicas, não são traduzidas em impacto na vida das pessoas, e não é esse o principal objeto democrático.
Sobre o que antes disse, acrescento que a democracia é uma inversão de autoridade, ou seja, nós temos o poder, indigitamo-lo em alguém ou num aparelho organizado (o Estado) que o exerce em nome do coletivo. É antes de tudo, a força do povo e não da razão ou do conhecimento. O que quero dizer é que não são as melhores ideias ou programas de governo que prevalecem, mas sim, a que tem maior capacidade de engajamento.
As mesmas razões fazem deste, um sistema quantitativo e não qualitativo. Ganha sempre o partido, a dinâmica ou quem tem maior número de votos e não quem é mais qualificado. Será que estaríamos melhor se assim fosse? Não sabemos. Uma exceção à estas regras encontramos nos E.U.A. Ainda assim, naquele país que outrora fora para o resto do mundo exemplo democrático, não ganha o mais qualificado, muito menos quem tem a razão.
Mas ainda assim, e é importante que se refira, que este é o único regime que permite criar “alternativas livres e conscientes” quando bem aplicadas. Ao mesmo tempo ele traz consigo um problema: Retira as pessoas a capacidade ou possibilidade de pensar por elas próprias, deixando o seu futuro em mãos alheias. Pois, não basta ser livre, é preciso proteger e manter a liberdade. Nem tão pouco basta ser independente, é preciso ser autossuficiente.
Ora bem, olhando para essas eleições explica-se o dilema. Esse exercício conclusivo é simples de fazer quando olhamos para a lista dos candidatos ou supostos candidatos à Presidência da República. Parece-me claro, que é uma consequência de uma má implementação deste sistema e como antes refletimos, cria desconfiança ao mesmo tempo que descredibiliza.
Quando penso num político ou dirigente, vem-me à mente o seguinte raciocínio: Um governador/ uma governante é aquele indivíduo, eleito ou nomeado, que governa um Estado ou uma Província. É o capitão do navio, é quem comanda os mastros e os destinos do navio e não deve nem pode haver espaço para bajulações entre as partes, seja de quem comanda ou dos comandados. Um político é alguém que coloca os seus serviços e conhecimentos em prol da sociedade, da comunidade e do Estado, é por isso que é compensado financeiramente.
É por vontade de servir que é eleito, indigitado e contratado. A maior recompensa de um político é a concretização do seu programa político. E só existe uma e única razão pela qual aceitamos que os outros decidam por nós: tornar a vida em sociedade viável e nunca para servir os interesses próprios. No nosso país a definição de político confunde-se ou equipara-se a um apolítico. Se no início deste parágrafo definimos o primeiro; o segundo é um conjunto de indivíduos estranhos à política, que não professam política partidária, ou talvez seja melhor apelidá-los de “pseudopolíticos”. Pseudo é tudo o que é falso, que primazia a mentira ou que não é verdadeiro.
Pois, um verdadeiro político tem antes de mais um sentimento de pertença e revê-se nas outras pessoas e nos seus problemas. Esse tem sido um dos grandes problemas, quando analiso a lista dos candidatos e a política em geral no país. A meu ver, é constituída por um conjunto de pessoas descredibilizadas em busca de sucesso pessoal.
Alguns até considero como eternos candidatos sem nunca antes apresentarem nada ou nenhuma ideia que justifica as repetidas corridas ao trono de presidente. Dirigir um país – ou se quisermos compará-la à uma empresa, como já li e tenho de concordar – é preciso antes de mais fazer um exercício de auto avaliação quanto a nossa capacidade de liderança. E todos temos conhecimentos de como deve ser um bom líder, embora não sejamos todos líderes por natureza.
Mas bastará olhar para a quantidade de candidatos dentro de um só partido que me faz pensar que nem os candidatos têm uma estratégia nem tão pouco os partidos pelos quais concorrem o terão. Dá a entender que é tudo feito com base em “Logo se vê”. Isto serve para justificar o desgoverno em que se encontra o país há mais de quarenta anos.
O “MLSTP-ísmos,” “ADI-ísmos”, “PCD-ísmos” e todos os outros “Partidísmos” existentes, transformaram a sociedade num vendaval sem precedentes. Além disso, mostra claramente que a mensagem do Deputado Levy Nazaré de nada serviu para meter os nossos pseudopolíticos na linha de entendimento (não acho que seja o salvador da pátria) mas foi um discurso diferente. Num país que acredita que tudo é política e que não existe uma razão para lá disto tudo.
Num país que acredita que é possível atirar pedras hoje com intenção de matar baratas amanhã. É hora de acordar! É hora de encontrar soluções e alternativas que vão muito além das restrições partidárias existentes. As alternativas devem ser novas e independentes. Porque momentos atípicos requerem decisões e atitudes atípicas à pseudopolítica que vivemos. Caso assim não for, é importante que saibamos que tudo não é política e existe sempre uma razão para lá disto tudo: que é o bem-estar social.
A conclusão a que chego é que nunca foi tão importante votar e assumirmos definitivamente como agentes ativos da nossa política democrática.
Um bem haja a todos!
Aos 20 de fevereiro de 2021
Yoavi L. Santos