Estado-Pai, filhos e muitos enteados
O nosso caminho da destruição começou repleto de boas intenções e ideais que não deram certo em parte alguma. Pós-independência surgiu num nevoeiro, com vestes de que tudo é permitido e o Estado pagará todas as contas.
O Estado-Pai nasceu do assistencialismo, ninguém mais paga por aquilo que consome, ninguém mais é responsabilizado, a iniciativa privada foi demonizada, nacionalizou-se tudo e distribuiu-se aos filhos primogénitos. Os filhos primogénitos herdaram a terra, entre casas na marginal e roças, prédios no centro da cidade e muitas prebendas.
A matemática da pobreza é simples e caricata. Peguemos a Saúde como exemplo. A saúde agora é gratuita e universal, o que é o máximo. O que uma pessoa sensata perguntaria? – Mas quem pagará as contas?! Ninguém paga, essa é a parte interessante. Não se paga em dinheiro, só na baixa qualidade dos profissionais, falta de medicamentos, falta de blocos operatórios especializados e um atendimento mortífero de vez em quando. Admiro os profissionais que trabalham tanto com tão pouco meio. Acreditem, no quesito custo-retorno, não temos do que reclamar. Estamos gerindo pobreza apenas. Se o pouco dinheiro que entra, não paga os fármacos e nem os profissionais da saúde, de onde vem o dinheiro?! Gestão da pobreza e donativos (entenda-se aqui: dívidas)
Contudo, o mito do almoço grátis está presente. O custo está sempre lá e ninguém quer ver. Os poucos que são descontados pagam por outros que se apresentam como enteados. Você é culpado por seguir as regras e descontado para que o seu dinheiro seja redistribuído aos outros que ganham e não descontam ou são votos demais para serem responsabilizados.
Peguemos um último exemplo que estou mais familiarizado: Educação. O Estado-Pai diz que a educação deve ser universal e gratuita, algo bonito de se ouvir. Contudo, quem paga? Eu, você e todos os outros poucos que descontam. Sem dinheiro entrando, as escolas não podem sofrer reformas, os professores não podem ser bem pagos, a escola não pode ter laboratórios de qualidade, as turmas possuem alunos sentados à janela. A escola é gratuita até para aqueles que têm como pagar. E no fim, o Estado-pai só gera mais ignorância. Os bons professores estão metidos em mil concursos públicos fantásticos na esperança de abandonar a docência. Alguns reclamam: Pena haver só um Banco Central, ENASA, ENAPORT …
O básico da contabilidade é o método de partidas-dobradas de Luca Pacioli, existe desde 1494, Débito = Crédito, Ativo = Passivo. Não tem mistério! Uma dona de casa não instruída sabe disso, não se pode querer comer leitão no Natal se só se tem 20 dobras! Aparentemente, o Estado-Pai ignora isso, não só se endivida para comer o leitão como também paga um Prado aos filhos para irem ao jantar e joga sobra aos enteados. E no dia Seguinte espera-se que caia do céu o maná para salvar esse povo santo que anda perdido pelo deserto do Sinai rumo à Canaã “dubaística”.