Somos um país altamente insustentável
Por força da agenda global (2030) e da agenda da União Africana (2063), o debate sobre a (in) sustentabilidade entrou na ordem do dia.
Primeiro, deixa-me definir o conceito de sustentabilidade. De acordo com uma rápida pesquisa – SUSTENTABILIDADE – é a capacidade de sustentação ou conservação de um processo ou sistema.
De acordo com esta definição, posso inferir que somos um país altamente insustentável.
Do ponto de vista social, podemos notar a título exemplificativo, que todo mundo grita e revolta quando acontece um crime de violação sexual. E, depois tudo volta a normalidade, pouca gente pensa nas medidas ou acções que possam ajudar a prevenir um próximo caso. Hoje todos somos unânimes relativamente a inversão dos valores. Mas, alguém aqui consegue apontar-me um projecto estruturado de iniciativa pública ou privada para dar resposta a esta situação? Trouxe dois temas actuais como exemplos para podermos perceber que do ponto de vista social somos insustentáveis.
Se entrarmos para o campo ambiental, vamos ter a “fotografia” real da insustentabilidade em que vivemos. Há um esforço talvez mais teórico do que prático dos sucessivos governos e dos nossos parceiros de desenvolvimento bilateral e multilateral, com relação a luta contra a desflorestação, muita das vezes também sem o apoio da população que vive disso e não está disposta a adaptar-se a outras forma de ganhar a vida. A verdade é que ainda assiste-se muita desflorestação no país. Todos nós sabemos que ainda abate-se muitas árvores no país. “ Em 2014 a DF autorizou o abate de 1269 árvores em São Tomé e de 1452 na ilha vizinha do Príncipe, onde o abate ilegal é raro. Príncipe tem apenas 139 km2 e que em 2012 tinha 7542 habitantes, enquanto São Tomé tem 857 km2 e 179814 habitantes, torna-se evidente que a maior parte da extracção de madeira em São Tomé é ilegal (96 %, assumindo que todos os abates no Príncipe são legais e uma proporção idêntica de abates por número de habitantes em ambas as ilhas).” Fonte: Promoção da sustentabilidade da extracção de madeira em São Tomé, São Tomé e Príncipe 2015 – Relatório Preliminar.
Com relação a esta situação não se trata de ausência de um plano estruturado sustentável, aqui o que vemos é ausência de cumprimento das leis.
A situação de retirada da areia nas nossas praias que tanto precisamos para promovermos o tão falado e propalado turismo nacional que todos os governos e muitos cidadãos defendem é uma outra prova da nossa forma de ser e viver de forma insustentável. Quando isto ficar só pedra, talvez poderemos despertar.
Podemos também perceber através de economia como não somos sustentáveis. Temos uma economia débil, estéril e que precisa de ser pensada.
Notas soltas:
!) Quando dá-se a alternância de poder, tudo começa de zero- isto é insustentabilidade;
!!) Até a altura da escrita deste texto, não conheço um plano ou política de formação dos quadros, formamos sem olhar o mercado – isto não é sustentável.
De resto, advogo que não temos estado a pensar e a projectar o país para horizontes futuros, continuamos a dar tiros no escuro. Estamos na lógica do HOJE, AGORA E DO IMEDIATO, sem pensar na geração que vai nos suceder.
Carlos Barros Tiny
Jurista