Mais cinco militares são-tomenses ficaram em prisão preventiva, por alegado envolvimento nos maus-tratos e mortes de quatro homens, após um assalto ao quartel, enquanto o vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas foi constituído arguido, disse hoje fonte judicial.
De acordo com a mesma fonte, no total, 11 militares foram constituídos arguidos, tendo cinco ficado em prisão preventiva, após terem sido sujeitos ao primeiro interrogatório judicial, em tribunal.
Os restantes seis ficaram sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência (TIR).
O vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Armindo Rodrigues, foi ouvido na terça-feira, tendo sido constituído arguido e ficado sujeito a TIR, avançou a mesma fonte.
Os cinco militares agora em prisão preventiva juntam-se assim a outros seis que estavam já sujeitos à mesma medida de coação, num total de 11 presos preventivamente.
Na madrugada de 25 de novembro, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto que as autoridades classificaram como tentativa de golpe de Estado. O oficial de dia foi feito refém e ficou ferido com gravidade devido a agressões.
Três dos quatro atacantes detidos pelos militares, e Arlécio Costa, um antigo combatente do batalhão Búfalo da África do Sul – detido posteriormente, em casa -, morreram horas depois no quartel.
Fotos e vídeos dos homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida e também já na morgue, e com militares a agredi-los, foram amplamente divulgadas nas redes sociais.
No início da semana, a mãe de Arlécio Costa apresentou uma queixa-crime e pediu a prisão preventiva do vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas e do ajudante de campo do primeiro-ministro, anunciou o advogado.
“Para já temos identificados desde o vice-chefe do Estado-Maior [Armindo Rodrigues] aos elementos subalternos, as patentes que lá estiveram – os capitães, os tenentes -, incluindo o ajudante de campo do primeiro-ministro [Wilker Viegas], porque a informação que temos é que o senhor esteve presente desde o início das operações e que assistiu efetivamente ao assassinato e, portanto, participou no assassinato”, disse à RSTP o advogado Carlos Semedo, que representa a mãe de Arlécio Costa e os familiares dos outros três mortos.
Wilker Viegas, fuzileiro, já foi ouvido pelas autoridades são-tomenses na qualidade de testemunha.
Fonte judicial revelou à Lusa que o processo apresentado pela família de Arlécio Costa não poderá ser apreciado por já correr termos um processo sobre o mesmo caso.
Na semana passada, o Ministério Público são-tomense garantiu que está a investigar com “autonomia e isenção” para apurar a verdade sobre “o assalto ao quartel” e a morte das quatro pessoas.