O ministro da Agricultura, Abel Bom Jesus considerou hoje que a nacionalização das roças do arquipélago, após o fim do período colonial, não teve êxitos perante as expectativas da população e responsabilizou os antigos governantes pela degradação das infraestruturas.
Em entrevista à RSTP, por ocasião do dia da nacionalização das roças que hoje se assinala no arquipélago, Abel Bom Jesus recordou que todos os são-tomenses na altura viram a decisão “com os olhos cheios de esperança” e “uma possibilidade de eles começarem a construir São Tomé e Príncipe com as suas próprias mãos”.
“Hoje é visível que o processo não teve grande êxito, mas nós também podemos considerar que nem tudo foi mau, também deu oportunidade a coisas boas”, referiu o ministro da Agricultura, admitindo que “não obstante as perdas dos anteriores governantes”, os dirigentes mais jovens devem “aprender com os erros cometidos no passado […] e melhorar aquilo que foi feito de mal, e aquilo que foi feito de bem dar continuidade”.
“Eu quero trazer alguma inovação, inclusive eu já comecei a fazer, mas não podemos promover essas roturas de forma drástica. É um processo que tem que ser lento, porque nós em São Tomé e Príncipe somos muito agarrados ao nosso passado e isso tem nos prejudicado muito, porque quando nos agarramos muito ao passado não nos ajuda a fazer grandes conquistas no presente ou preparar algo no futuro”, sublinhou o ministro da Agricultura.
Apesar de assumir o cargo de ministro, Abel Bom Jesus continua com as suas atividades como agricultor e criador de animais, e lamentou a situação em que se encontram as roças herdadas pelo Estado são-tomense do Governo colonial português.
“Vejo as roças com um olhar triste porque nós já tínhamos muitas infraestruturas, essas infraestruturas foram saqueadas, foram abandonadas […] hoje sabemos que as grandes empresas, as grande casas estão em nome de ‘fulanos’ e esses ‘fulanos’ estão muitos bem identificados, que não querem largar o osso” apontou o ministro da agricultura, sem especificar.
O Governante alertou que “o património de São Tomé e Príncipe” é de todos os são-tomenses e acusou estas “pessoas esclarecidas” de comprarem materiais das antigas casas e empresas agrícolas que têm sido invadidas por alguns cidadãos nas comunidades, deixando o “património mais pobre”.
“O que nós não queremos é que um grupo de pessoas promova aquilo que posso chamar de uma desordem e a falta de autoridade de Estado, uma desorganização organizada para que haja benefícios para alguns indivíduos”, sublinhou.
Neste sentido, Abel Bom Jesus disse que vai advogar junto do Governo para “colocar mão pesada nas pessoas quem têm essa atitude”, sublinhando que é responsabilidade dos governantes desapegar a velha prática de não tomar medidas para não perder o voto.
Hoje é feriado nacional em São Tomé e Príncipe por ocasião da nacionalização das roças coloniais que ocorreu no dia 30 de setembro de 1975.
O dia será assinalado com uma feira agrícola na capital do país, organizada pelos agricultores com o apoio do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural.