Ordem dos médicos são-tomense quer mais investigação científica e saúde como prioridade

O bastonário da Ordem dos Médicos alertou a classe de que não é preciso esperar “casos interessantes para apresentar um trabalho científico”, apelando a que pensem nos temas que mais os inquietam no dia para ir em busca de respostas, “usando o maior rigor científico possível e lançar propostas de solução”.

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Celso Matos

O bastonário da Ordem dos Médicos são-tomenses apelou à classe para apostar na investigação científica, face a carências do sistema nacional de saúde, para o qual pediu “um trabalho sério” e que a saúde seja prioridade das prioridades no arquipélago.

Celso Matos falava, na quarta-feira, durante a abertura das terceiras jornadas científicas da Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe, que considerou como resultado da resiliência, criatividade, entrega e vontade dos quadros do setor, desafiando o sistema de saúde “para uma visão mais audaz, de maior conhecimento, de reformas estruturantes, que resulte numa saúde mais segura e eficaz” para as populações.

 “A medicina é ciência e não existe ciência sem investigação, sem atualização, sem demonstrações, sem descobertas e sem mudanças”, sublinhou Celso Matos, apontando que o exercício da profissão no contexto são-tomense, “caracterizado por constantes carências de consumíveis, medicamentemos, parcos recursos tecnológicos e escassos recursos humanos especializados”, obriga “a um esforço suplementar”.

Acrescentou que, “num mundo cada vez mais virado para a tecnologia e a automatização”, os médicos são-tomenses não podem “continuar a ter uma atitude meramente contemplativa”, que “leva a normalizar procedimentos erráticos”.

“A nossa situação obriga-nos a um maior esforço de interação, de investigação, de crítica e autocrítica, aproveitando ao máximo as ferramentas disponíveis, se queremos de facto atingir outro patamar dos nossos serviços”, defendeu Celso Matos.

O bastonário da Ordem dos Médicos alertou a classe de que não é preciso esperar “casos interessantes para apresentar um trabalho científico”, apelando a que pensem nos temas que mais os inquietam no dia para ir em busca de respostas, “usando o maior rigor científico possível e lançar propostas de solução”.

“Isto aplica-se tanto nos hospitais, no contacto com as diferentes enfermidades, nas delegacias distritais de saúde, com comportamento das populações e os seus fatores de riscos comunitários, e ao nível do Centro Nacional de Endemias, na aplicação dos diferentes programas de saúde e suas metas”, apontou o bastonário.

O médico ortopedista afirmou que “a ciência vai evoluindo, os atos médicos cada dia são mais precisos e seguros no mundo desenvolvido” e “as cirurgias minimamente invasivas são hoje o padrão da maioria dos hospitais, com ganhos imensuráveis tanto para o doente como para a gestão e finanças hospitalar”, o que, lamentou, ainda não faz parte da realidade são-tomense.

“Mas é preciso um trabalho sério para lá chegarmos, é preciso que o bem maior de cada ser humano, a sua saúde, passe a ser a prioridade das prioridades em São Tomé e Príncipe […], que seja ela o centro do plano de desenvolvimento socioeconómico do país”, defendeu Celso Matos.

A ministra da Saúde e Direitos da Mulher, Ângela Costa, que fez a abertura das jornadas, considerou que “este evento se releva não apenas como um encontro científico, mas como um espaço fundamental de partilha de conhecimento e experiências”, admitindo que “contribuirá significativamente para o avanço e aprimoramento dos cuidados de saúde” no país.

O evento termina na quinta-feira e conta com a participação de médicos de várias missões estrangeiras que apoiam o sistema de saúde são-tomense.

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