Professores aderem a greve em 100% e paralisam o ensino em São Tomé e Príncipe

Educação -
Greve Escolar

Salas vazias, professores concentrados em pequenos grupos, empunhando cartazes com frases de descontentamento e reivindicação aumento salarial, é o cenário nas escolas são-tomense hoje, dia de greve dos docentes, com quase 100% de adesão, segundo o sindicato.

Muitos alunos ainda se dirigiram às escolas, mas tiveram que regressar mais cedo à casa porque os professores não entraram nas salas de aulas.

Na Escola Patrice Lumumba, no centro da cidade capital do pais, dezenas de professores concentram-se no principal salão do setor administrativo da escola e empunharam cartazes com frases como: “estamos em grave”, “queremos aumento salarial”, “somos o pilar da sociedade” e ainda “chega de humilhação”.

Do outro lado do Rio Água Grande, mais algumas dezenas de professores ocupavam os assentos do pátio da escola Dona Maria de Jesus, com braços cruzados e quase que num silencio absoluto.

“Estamos em pêsames pela pobreza dos professores”, disse à RSTP uma docente, que como os demais, não quis gravar entrevista.

Greve Escolar

No Liceu Nacional, o principal estabelecimento do ensino do país, o cenário era quase deserto a meio da manhã, quando a RSTP esteve no local.

Enquanto isso, os líderes dos quatro sindicatos que representam os professores estavam reunidos numa das sedes sindicais, em Oquê-Del-Rei, para fazerem o ponto de situação.

“A greve iniciou-se hoje às 07:00 da manhã em praticamente todo país […] temos uma adesão muito grande, próximo dos 100%”, disse à RSTP a porta-voz da intersindical, Vera Lombá.

Segundo Vera Lombá, a intersindical já teve quatro rondas negociais com o Governo incluindo a última na quinta-feira, que decorreu até perto da meia-noite, com propostas e contrapropostas de ambas as partes, mas ainda não foi possível um acordo.

“A última [proposta do Governo] não foi nada do nosso agrado […] mas também não podíamos decidir nada (…) temos que vir falar com a nossa base”, sublinhou Vera Lomba, apontando uma reunião largada com os professores a realizar-se no sábado para avaliar a proposta do Governo.

Greve Escolar

No entanto, a líder sindical apelou aos docentes para se manterem firmes com o protesto.

“A luta é nossa, nós não estamos contra ninguém, apenas estamos a defender os nossos direitos e a nossa situação atual que não é nada favorável, principalmente financeira”, apelou Lombá.

Ao executivo, Vera Lombá deixou uma mensagem de abertura ao diálogo.

Que não nos veja como inimigos, apenas estamos a gritar por algo que nós temos direito, que já há muito tempo nos está a ser negado”, disse a líder sindical.

O “aumento do salário de base mínimo do professor para 10.000 dobras (400 euros), é a primeira reivindicação expressa no caderno reivindicativo, a que a RSTP teve acesso, mas é também o principal ponto do desacordo entre as partes.

Os professores apontam o “custo de vida muito alto, o nível de endividamento insuportável, ‘stress’ profissional, pressão psicológica, transferências injustificadas, muitas vezes para outro distrito, falta de formação […] enquadramentos e promoções insuficientes, perda de direitos consagrados no Estatuto da Carreira Docente, desvalorização da atividade docente, congelamento de benefícios, estagnação da progressão na carreira, abandono forçado”.

Denuncia ainda outras situações que “tornaram o exercício da profissão muito desgastante, difícil e particularmente desestimulante para integração”.

Questionado na semana passada sobre a exigência salarial dos docentes, o primeiro-ministro defendeu o diálogo “na base também da boa-fé”, mas rejeitou a possibilidade do aumento.

“Eu quero dizer que um aumento de salário de 10 mil dobras não me parece algo que hoje seja possível e eu espero que as pessoas realmente vão para coisas que sejam possíveis, ou então que me apresentem soluções alternativas”, disse Patrice Trovoada.

Últimas

Topo