Historiadores nacionais trabalham na história de libertação de São Tomé e Príncipe e PALOP

Segundo os historiadores o trabalho está dividido em três volumes, sendo que o primeiro começa do século XIX e vai até 1945, o segundo volume começa nos anos 66 e vai até 1974, e o terceiro volume aborda os tempos de transição.

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Historiadores são-tomenses

Um grupo de historiadores nacionais está a trabalhar na escrita da história de Libertação de São Tomé e Príncipe, no quadro de um projeto que decorre em simultâneo em todos os Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP).

Trata-se de um desafio lançado pelo antigo presidente de Cabo-Verde, Pedro Pires e o presidente angolano, João Lourenço para preservar o legado dos promotores da libertação das antigas colónias portuguesas.

Em São Tomé e Príncipe os trabalhos estão a ser coordenados pela professora e historiadora são-tomense, Maria Nazaré de Ceita com envolvimento de vários historiadores nacionais.

“Começamos em 2020 por um núcleo pequeno de trabalho de investigadores que desde os anos 90 participaram em conferências e trabalhos científicos comuns […] este grupo foi encarregue de receber a nota conceptual as grandes linhas deste projeto”, disse a coordenadora do projeto em São Tomé e Príncipe, Nazaré Ceita.

A historiadora são-tomense sublinhou que “só em Julho de 2021 que o projeto foi aprovado numa reunião virtual de chefes de estados”.

Segundo Nazaré de Ceita, este projeto obedece vários métodos e técnicas de investigação privilegiando a combinação de várias fontes, “nomeadamente, o diálogo, o cruzamento de fontes, fontes históricas, documentários, a recolha de depoimentos, um extenso trabalho nos arquivos e nas bibliotecas”.

Carlos Neves, um dos historiadores envolvidos no projeto, sublinhou algumas dificuldades no acesso às fontes para a escrita da história de São Tomé e Príncipe comparativamente a outros países do PALOP que têm “muita produção histórica relativamente aos movimentos de libertação e a luta de libertação”.

“Nós não temos muitos historiadores, não temos muitos estudos e pela dimensão do nosso país, mesmo historiadores de outros países não se interessam tanto pelo estudo da história de São Tomé e Príncipe, daí que estamos um pouco mais recuados e precisamos fazer um esforço maior e em conjugação com essas antigas colónias portuguesas, podemos fazer uma história paralela”, frisou Carlos Neves.

Na apresentação da sinopse de depoimentos já recolhidos, estiveram várias individualidades, entre elas o antigo Presidente da República, Miguel Trovoada que teceu algumas considerações sobre a abordagem de investigação do projeto no país.

“A primeira organização foi a CLSTP, já tínhamos tido uma presença na Organização das Nações Unidas, já tínhamos assistido a nascença da organização da Unidade Africana em Adis Abeba em 1963, tudo isso era o CLSTP que gere uma organização de luta de libertação de São Tomé e Príncipe, e não podemos ver uma organização de luta de libertação de São Tomé e Príncipe com depoimentos em que nada disso é realçado e pretende-se que a história de São Tomé e Príncipe começa depois de 25 de Abril”, declarou o antigo chefe de estado são-tomense, Miguel Trovoada.

Segundo os historiadores o trabalho está dividido em três volumes, sendo que o primeiro começa do século XIX e vai até 1945, o segundo volume começa nos anos 66 e vai até 1974, e o terceiro volume aborda os tempos de transição.

Perspectiva-se a conclusão do Livro de luta de libertação nacional dos países africanos de língua portuguesa em finais de 2025.

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