PM rejeita aumento de eletricidade e combustível em proposto pelo FMI

Patrice Trovoada admitiu estar a trabalhar na possibilidade de gradualmente ajustar a tarifa da eletricidade, mas “depois de sanar algumas situações a nível do setor da energia”, o que sublinha que “não é algo que possa ser de resolução rápida”.

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O primeiro-ministro são-tomense disse que não aceita a proposta do Fundo Monetário Internacional para aumentar o preço do combustível e eletricidade em troca do acordo de crédito alargado admitindo que as medidas iriam “piorar ainda mais” a situação social em São Tomé e Príncipe.

“As pistas de solução pelo FMI [Fundo Monetário Internacional] para as contas baterem certo, por exemplo, [propõem] aumentarmos o combustível de 30%, mais aumento de eletricidade de 20%, mais termos um parceiro que pode nos financiar a taxas concessionais uma grande parte da importação de combustível […] isso é uma pista, mas não nos traz a solução”, revelou Patrice Trovoada que esteve reunido na quarta-feira com a missão técnica do Fundo que esteve no arquipélago.

No sábado, com o ministro das Finanças e o Governador do Banco Central na retaguarda, o primeiro-ministro falou durante quase duas horas, e sublinhou que, mesmo adotando estas medidas, o país continuaria ‘com um gap’, falta de garantias financeiras para a importação de combustível, o ponto principal que disse estar a adiar o acordo com o FMI.

“Irão se calhar, ainda mais piorar as condições sociais no país sem resolver o problema, então eu disse que não é por esse caminho que o Governo irá”, apontou.

No entanto, Patrice Trovoada admitiu estar a trabalhar na possibilidade de gradualmente ajustar a tarifa da eletricidade, mas “depois de sanar algumas situações a nível do setor da energia”, o que sublinha que “não é algo que possa ser de resolução rápida”.

“Aumentar 30% do preço do combustível sem que todos os outros aspetos sejam, de facto, atendidos e resolvidos só irá piorar a situação dos transportes, da inflação, e não resolverá também o problema das divisas”, referiu o chefe do Governo são-tomense.

Patrice Trovoada defendeu a aposta “com maior caráter de urgência” na transição energética, “não só com o objetivo ambiental, mas sobretudo com o objetivo financeiro de reduzir o peso do gasóleo nas importações”.

“Nós estamos com um objetivo de daqui a 12 meses termos pelo menos 40% da produção de eletricidade em São Tomé e Príncipe de origem solar para pouparmos, de facto, 40% do gasóleo”, sublinhou.

Além disso, apontou outras medidas, nomeadamente “a introdução mais rápida possível dos contadores pré-pagos” para ajudar a resolver o problema da cobrança a nível da Empresa de Água e Eletricidade (Emae) a qual o Governo vai mandar auditar o sistema informático e ainda “ estancar o roubo do gasóleo” na instituição.

O primeiro-ministro admitiu que o Governo está perante uma “equação extremamente complicada”.

“Se nós não temos um acordo com o FMI os parceiros não podem ajudar […] Se nós não temos programa e acordo com FMI, aqueles parceiros que emprestam o dinheiro mais barato concecionalmente têm dificuldade em engajar-se connosco, mas para ter um acordo com FMI, temos que ir buscar dinheiro à taxa concessional o que também é difícil um parceiro engajar-se nisso”, explicou.

Neste sentido admitiu que “a situação está difícil,” e que vai exigir “mais esforço”, mas não o impossível aos são-tomenses, considerando que “existe margem” para melhorar.

“Como eu digo, o futuro não é aquilo que os outros vão fazer para nós, mas aquilo que nós decidirmos fazer e vamos ter que ser muito mais responsáveis com o futuro de São Tomé Príncipe”, defendeu Patrice Trovoada.

Na sexta-feira, o Governo são-tomense anunciou a redução das despesas de funcionamento em 50% e suspensão das missões de serviço ao exterior financiadas pelo Estado face a “difícil situação financeira”, ao que o primeiro-ministro disse hoje não tratar-se de imposições do Fundo Monetário Internacional.

Na quinta-feira, o FMI sublinhou a importância de o Governo são-tomense conseguir obter “compromissos de financiamento dos seus parceiros externos” que “assumam a forma de subvenções ou de empréstimos em condições muito favoráveis”, referindo ser “uma condição prévia para um programa que possa ser apoiado pelo FMI”.

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