Mais de uma centenas de mulheres são-tomenses “de todas as classes”, e diferentes instituições e sectores públicos e privados, associações e Ong’s, participaram, na quinta-feira, num desfile, na Praça da Independência para assinalar os 50 anos do dia 19 de Setembro, Dia da Mulher são-tomense, desta vez com o apelo para o empoderamento feminino e fim da violência.
O desfile visou homenagear as mulheres que participaram numa manifestação no dia 19 de setembro de 1974 para exigir do governo colonial a independência nacional de São Tomé e Príncipe que foi conquistada em 12 de julho de 1975.
“Aos poucos, a sociedade vai adquirindo consciência do papel da mulher, que apenas exige e espera o respeito e valorização desta mesma sociedade, do Estado e de suas instituições”, sublinhou a primeira-dama.
Fátima Vila Nova, além de defender a união entre as mulheres, manifestou a preocupação e solidariedade para com as vítimas de violências.
“A todas aquelas mulheres que sofrem, muitas no silêncio, quero apelar para que não se sintam só. Saibam que existem organizações de mulheres, ONG’s que se preocupam com a proteção dos vossos direitos plasmados na Constituição da República e demais legislações de proteção da mulher. Essas instituições da sociedade civil têm sido importantes parceiros do Estado na luta que vimos travando para a denúncia de casos de violência contra as mulheres e na defesa dos direitos da mulher”, disse.
Fátima Vila Nova, enalteceu o empoderamento feminino no arquipélago, sublinhando que “empoderar uma mulher é contribuir para o combate à pobreza e à miséria” no país.
“Não existe melhor gestor de dificuldades, melhor gestor de expectativas do que as mulheres. Tal como educar uma mulher representa educar uma família, uma Nação, também empoderar uma mulher é empoderar a sociedade. Porque mais de metade da população mundial são mulheres e a outra metade são seus filhos e dependentes”, afirmou.
A primeira-dama destacou ainda as “conquistas alcançadas pelas mulheres no âmbito político”, sobretudo, com “a chamada lei da paridade” que visa prevenir e combater as condutas discriminatórias, entre homens e mulheres.
“É muito importante enaltecermos esta conquista que, como se sabe, não se trata de um favor em direção das mulheres, mas antes a salvaguarda de um direito que lhes assiste. Nunca será demais reconhecer o papel da Rede das Mulheres Parlamentares de São Tomé neste justo labor que vem abrir caminho para uma maior participação da mulher na vida política”, disse.
“As mulheres unidas devem continuar a advogar pela defesa dos direitos de cidadania das mulheres são-tomenses, bem como a salvaguarda da sua participação na vida política e no processo de desenvolvimento de São Tomé”, acrescentou.
A ministra da saúde e Direitos da Mulher, também destacou algumas conquistas alcançadas pelas mulheres são-tomenses durante as últimas 5 décadas, nomeadamente, na saúde, educação, justiça e a administração pública.
“Essa crescente participação contribui para o desenvolvimento económico do país e reforça o papel da mulher na construção de uma sociedade mais justa e produtiva”, disse a ministra.
Ângela Costa apontou ainda outras conquistas que têm sido alcançadas pelas mulheres são-tomenses, como a “aprovação da Lei da Paridade em 2022, que garantiu que as mulheres ocupem 40% dos lugares em cargos elegíveis em todas as esferas da vida política, económica, social e cultural”.
“Como resultado, temos visto um aumento no número de mulheres em posições de liderança, incluindo o parlamento, ministérios e outras áreas decisivas para o futuro do país”, adiantou.
A tutelar da pasta afirmou que a criação do Ministério da Mulher em 2023 “demonstra o compromisso do Governo com a causa feminina, colocando as políticas voltadas para as mulheres como uma prioridade nacional” admitindo que essas conquistas são fruto do esforço conjunto de instituições governamentais, sociedade civil, movimentos feministas e das próprias mulheres são-tomenses.
“Foi com essa união e persistência que conseguimos romper com séculos de uma cultura que impunha às mulheres um papel secundário, limitando suas oportunidades de participar como cidadãs plenas e ativas”, concluiu a ministra.
As atividades tiveram sequência na praça Yon Gato, onde foi inaugurada uma feira da mulher são-tomense, com a presença do primeiro-ministro que reconheceu que ainda há um longo caminho a percorrer para solucionar o problema da mulher no país.
“O Dia da Mulher, devia ser todos os dias porque ainda temos muito trabalho pela frente para melhorar a condição da mulher, não só em São Tomé e Príncipe, mas ao nível global. Nós cá no nosso país temos estado a fazer algum esforço, sobretudo no que diz respeito a violência, temos grandes desafios”, afirmou o chefe do executivo são-tomense.
A cerimónia dos 50 anos do Dia da Mulher São-tomense foi celebrada, sob o lema: “Investir nas mulheres e raparigas: acelerar o progresso”.