Em Entrevista: Dário Paraíso assinala 10 anos como fotógrafo com pré-lançamento do primeiro livro

Em agosto deste ano, Dário Paraíso foi convidado a participar e representar São Tomé e Príncipe, juntamente com mais dois artistas, numa residência artística em Gabão denominada “Preto Atlântico”, ao convite do Instituto Francês daquele país africano, considerando que a exposição “foi muito interessante”.

Cultura -
Guerra dos Gigantes

O fotógrafo, designer gráfico e artista visual são-tomense, Dário Pequeno Paraíso fará, no dia 20 de dezembro, o pré-lançamento do seu primeiro livro intitulado “ÉDEN”, uma coletânea de 150 fotografias da sua autoria, para assinalar os 10 anos da sua carreira como fotógrafo profissional e internacional.

Em entrevista à RSTP, o fotógrafo disse que a obra física estará disponível em São Tomé e Príncipe “em meados de fevereiro ou março de 2025”, sublinhando que “é um livro que já está a ser pensado há algum tempo”.

Um livro que vai ter [fotografias] um bocado pelo mundo inteiro, vamos compilar tudo isto aqui num livro. Então, no próximo ano teremos aqui o livro que vai ser o meu primeiro grande bebé, todos os outros que fiz acabaram por ser com parcerias, ou, mais de clientes, alguém que me pediu e encomendou, este aqui já não é encomenda de fora, é uma encomenda vinda do meu coração, então vai ser mais especial, acaba por ser primeiro que sai realmente de mim”, disse Pequeno Paraíso.

Éden, é o paraíso na terra aonde Adão e Eva ficaram, tudo era belo e bonito. Aonde começamos a nossa humanidade da maneira mais pura e bonita, sem maldades, sem pecados”, avançou o artista à RSTP.

Em agosto deste ano, Dário Paraíso foi convidado a participar e representar São Tomé e Príncipe, juntamente com mais dois artistas, numa residência artística em Gabão denominada “Preto Atlântico”, ao convite do Instituto Francês daquele país africano, considerando que a exposição “foi muito interessante”.

E ao final desta residência e pelo todo trabalho que eu acabei por desenvolver lá, houve muito interesse dos gaboneses em parceria com o Instituto Francês de fazer uma exposição ao solo e que foi inaugurada no mês passado, ficando cerca de duas semanas para mostrar este corpo negro que acabou por dominar o atlântico de maneira forçada“, contou.

Governo “é um bocado culpado” e a sociedade civil faz “menos pela cultura

Questionado sobre a arte visual em São Tomé e Príncipe, Paraíso reconheceu que existem “iniciativas interessantes” e artistas que estão a trabalhar para evoluir “cada vez mais” para tentar dinamizar sinergias culturais que o país precisa.

Mas, é um barco e nota-se que somos poucos a remar, somos cada vez menos a fazer, de uma maneira cada vez menos tradicional, com cada vez menos apoios, por isso que, da maneira como eu vejo [a arte visual no país] é muito complicado“, precisou o artista, defendendo que a solução para melhorar esta arte no país, seria a “educação”.

A partir do momento que o nosso nível de literacia está cada vez mais baixo, a partir do momento em que os jovens tem cada vez menos interesse, perceber o que aconteceu no passado, o governo também é um bocado culpado e a sociedade civil cada vez fazem menos pela cultura […] e os jovens acabam por se interessar por outras tendências“, acrescentou.

O documentário “Guerra dos Gigantes” realizado pela cineasta são-tomense, Katya Aragão e fotógrafo, designer gráfico e artista visual, Dário Pequeno Paraíso que conquistou a medalha de bronze no Festival de Cinema Grego, alcançando o terceiro lugar, um marco histórico para o cinema de São Tomé e Príncipe, também foi um dos assuntos abordados durante a entrevista.

O documentário relata histórias e factos sobre as espécies de búzios existentes em São Tomé e Príncipe, nomeadamente o búzio vermelho e do búzio d’Obô, uma espécie endémica e agora extinta em outras partes do mundo.

Curiosamente [este documentário] tem andando um pouco pelo mundo inteiro e agora recebemos esta notícia a pouco dias e agradecemos. Estamos aqui também a falar e a enaltecer o trabalho que acabamos por ter. E ter sido nomeados em duas grandes categorias que são, categoria de melhor documentário e de cinematografia, ao lado de documentário e realizadores muito bons e ganhamos o terceiro lugar, é uma grande notícia e acabamos também por meter São Tomé e Príncipe no mapa”, disse Dário Paraíso.

Para o artista, São Tomé e Príncipe consegue “ser muito rico culturalmente”, mas a falta de apoio e divulgação cultural tem dificultado os artistas a atingirem outros patamares, mas reconheceu que “apesar de o documentário “Guerra dos Gigantes” falar sobre a vida animal”, esta premiação foi uma oportunidade para colocar o país “na boca do mundo”.

Não existe maneiras de tudo que acontece cá dentro, nós conseguimos exportar para lá fora e acho que cada vez mais, o mundo lá fora está a procura e está cedente deste tipo de novas maneiras de ver o mundo, novas maneiras de dançar, novas maneiras de mexer e novas maneiras de estar”, disse.

Guerra dos Gigantes

Dário Paraíso nasceu em Lisboa em 1991 e emigrou para São Tomé em 2014. Para além do trabalho que desenvolve na área de fotografia, marketing e da comunicação. É também artista visual há vários anos. Em 2009, produziu, o documentário “OMALI VIDA NÓN” (Mar nossa vida) e participou, em 2017, na realização da curta-metragem “MINA KIÁ”.

No mesmo ano (2017), Paraíso apresentou na Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias (CACAU) uma exposição intitulada “Ilhando” que procura mostrar ao mundo a beleza e liberdade que São Tomé e Príncipe emana, através de imagens.

Em 2018, no âmbito de um projeto colaborativo entre ONGs são-tomenses e outra portuguesa, realizou uma exposição fotográfica sobre mulheres de São Tomé e Príncipe, em paralelo com um de livro de histórias de mulheres são-tomenses, recolhidas pela jornalista portuguesa Ana Cristina Pereira.

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