Os sons do bambu e o reco reco, acompanhados de rimas muito bem elaboradas sobre diversos temas que marcam a sociedade são-tomense e não só, marcaram mais uma noite de Stleva que decorreu na casa da Cultura, no âmbito do mês da cultura.
A atividade visou incentivar uma maior aproximação entre o público e os agentes da cultura, e contou com a atuação de três grupos culturais, nomeadamente, Benguela de Água Bobô, As Maravilhas de São Tomé e Príncipe e Plapatela de Praia Melão.
No entanto, nos últimos anos, esta manifestação cultural tem vindo a perder, tornando uma preocupação para os autores culturais, como relatou António Kinhonho, responsável do grupo, Benguela de Água Bobô, que existe há 36 anos.
“No tempo passado era melhor, eram os mais velhos, tinham melhor conhecimento, nós estamos a segurar, porque a Stleva na nossa cultura quase não tem benefício. Marcam um preço para atuar, quando vem, paga outro preço e estão a desmoralizar, por isso que muita gente quase não quer participar” afirmou o António Kinhonho.

Apesar dos desafios o grupo tem vindo a se fortalecer, buscando mais elementos da camada jovem, entretanto, ainda observa-se uma escassez e abandono, devido ao fenómeno da emigração.
Ilídio Costa, representante do grupo Plapatela de Praia Melão, que existe há cerca de 25 anos, disse que a falta de interesse do país na sua própria cultura vai levar a arte a extinção e que isso tem desmotivado os artistas e jovens.
“Stleva em São Tomé e Príncipe está a acabar, não há Stelva mais, é muito difícil. […] Está a acabar, porque o país não adere as suas próprias coisas e torna difícil pessoa fazer isso.[..] Agora nesse momento para os miúdos fazerem Stleva, não vai ser fácil” apontou Ilídio Costa.

Embora as limitações este grupo tem se dedicado a ensinar os mais novos a importância desta manifestação cultural, tendo criado há alguns anos, o grupo “Mini Plapatela”, formado apenas por jovens, bem como, tem servido de incentivo para o grupo recém-criado, “As Maravilhas de São Tomé e Príncipe”, composto por quatro mulheres.
Lucia Costa, representante do grupo, considerou que é necessário haver mais apoio e interesse por parte do Governo, jovens e de toda população para a promoção desta arte no país.
“[Têm que] apoiar mais, aprofundar mais, encorajar e dar apoio, para nós seguirmos em frente e não ficarmos aqui parados na mesma perspectiva. Os jovens e crianças precisam valorizar, participar e ter essa prática pela cultura do nosso país”, defendeu.

A “Noite de Stleva” inseriu-se nas atividades do mês da cultura, e espera-se que esta arte que aos poucos vem sendo esquecida seja relembrada de forma a preservar, incentivar e promover a cultura são-tomense.