A Direção da Televisão São-tomense (TVS), suspendeu o jornalista Genisvaldo Nascimento por 15 dias, por este ter se identificado como jornalista desta estação durante a sua participação na manifestação em defesa do advogado Miques João que se encontra em prisão preventiva indiciado por abuso sexual.
Através de uma ordem de serviço, o diretor da TVS, João Ramos refere que a atuação do jornalista violou “a ética e deontologia da classe” e determinou que seja “criada, num prazo de três dias, uma comissão de inquérito para averiguar todas as disposições legais contidas no Estatuto de Carreira de Jornalista e na lei de imprensa, sempre salvaguardando o direito ao contraditório”.
Genisvaldo Nascimento foi um dos participantes na manifestação realizada no dia 14, na qual dezenas de pessoas entre apoiantes e familiares do advogado Miques João exigiram a libertação do jurista.
“Toda a gente sabe que o advogado Miques João estava a travar uma luta contra um sistema, tentando esclarecer um fato que deixou muito mal o nosso São Tomé e Príncipe. Estamos a falar da matança que ocorreu no quartel no dia 25 de novembro de 2022”, afirmou Genisvaldo Nascimento, no final do protesto.
Na ocasião, o jornalista da televisão são-tomense, referiu que a justiça está a colocar em causa a paz social em São Tomé e Príncipe.
“Há toda a gente a entender que há alguma coisa de fundo por detrás de tudo isso, cada passo que as autoridades são-tomenses dão levam-nos a compreender que querem, de todas as formas, encobrir um crime que está debaixo dos olhos de toda a gente. Se quiserem proteger os patrões ou alguma pessoa da qual esteja a investir muito dinheiro nelas, que façam, mas que encontrem outra forma de fazer, que não façam essa aberração que estão a fazer, que comprometem-nos a paz social, que comprometem-nos o país todo” acrescentou o jornalista, Genisvaldo Nascimento.
Durante a manifestação na capital do país, os manifestantes alegam que a detenção e prisão de Miques João deve-se ao posicionamento do advogado que tem exigido o julgamento dos acontecimentos de 25 de novembro de 2022, em que quatro homens foram torturados e mortos, sob custódia dos militares, na sequência de uma tentativa de golpe de Estado.
Entretanto, Miques João continua em prisão preventiva, mas a família e os seus apoiantes prometem continuar com outros protestos.
Segundo a família, cerca de quatro dias após ser conduzido à prisão, o jurista suspendeu a greve de fome após ter passado mal e recebido assistência médica no Centro de Saúde de Água Grande.
