A empresa de investimento turco Tesla STP vai interromper as operações no setor energético em São Tomé e Príncipe, a partir de quinta-feira, alegando que o Estado são-tomense tem uma dívida acumulada de 7,5 milhões de euros para com a empresa, segundo comunicado enviado hoje à RSTP.
“A Tesla STP realizou três reuniões de alto nível desde o início de 2025 e escreveu 14 cartas desde 2024 lembrando o Ministério de Infraestrutura e Recursos Naturais de suas obrigações financeiras e solicitando que as ações necessárias fossem tomadas para o início dos investimentos da 2ª e 3ª fases”, lê-se no comunicado de imprensa enviado hoje à RSTP.
“Além disso, solicitamos chegar a um acordo até o final de Março de 2025 em relação aos valores em atraso e às fases futuras do projeto”, acrescenta.
Segundo o comunicado, “numa carta datada de 9 de Junho de 2025, a Tesla STP foi informada pelo Ministério de Infraestrutura e Recursos Naturais que o Ministério deseja uma renegociação do contrato e que nenhuma decisão financeira ou contratual será tomada até que o processo de renegociação seja concluído”.
“Buscamos constantemente maneiras de continuar nossas operações e tomamos todas as medidas para evitar interrupções no serviço, mas o atraso prolongado nos pagamentos e a ambiguidade chegaram a um ponto em que precisamos tomar as medidas necessárias para mitigar os danos”, lê-se.
A empresa de investimento turco refere ainda que o projeto consiste em três fases: 1ª – Central de Energia a Diesel de 10 MW; 2ª – Central de Multicombustível de 30 MW e 3ª – Central Solar de 15 MW.
“A fase 1 foi planeada para ser uma solução temporária de dois anos para suprir as necessidades imediatas de São Tomé, que também serviria como capacidade de reserva, quando as 2ª e 3ª fases fossem concluídas. A fase 2 forneceria capacidade de energia contínua e robusta operando com GNL como combustível primário e diesel como combustível secundário”, explica a empresa no documento.
“A fase 3 permitiria a transformação em energia verde, o que também reduziria as importações de combustível. Todos esses investimentos serão financiados 100% pela Tesla STP, sem qualquer contribuição financeira ou garantia do Estado. A fase 1 foi concluída e a Testa STP está pronta para iniciar os investimentos da 2ª e 3ª fases assim que a Parte Pública cumprir os requisitos necessários de acordo com o Acordo PPP”, acrescenta.
No final do mês de Maio, o Tribunal de Contas divulgou o relatório de auditoria que denunciou que a empresa TESLA-STP criada com o apoio do anterior governo de Patrice Trovoada para investir mais de 10 milhões de euros, na modernização da Central Térmica de São Tomé, tem sobrefacturado na venda de energia ao Estado são-tomense.
Segundo o Tribunal de Contas, o contrato obriga o estado são-tomense a fornecer combustíveis para os geradores que foram instalados pela TESLA-STP, e depois é o próprio Estado, através do governo, que compra a energia produzida pelos 5 geradores instalados pela empresa de capital turco.
A auditoria descobriu que os 5 geradores instalados, não têm a capacidade definida no contrato, 10 megawatts. O Tribunal de Contas precisou que desde a sua instalação, os geradores da TESLA – STP produzem cerca de 4 megawatts de energia. No entanto, o governo tem a obrigação contratual de pagar por 10 megawatts.
A RSTP coloca à disposição do leitor, o comunicado de imprensa da empresa Tesla STP na íntegra.
