O primeiro-ministro Américo Ramos discursou pela primeira vez na Assembleia Geral das Nações Unidas, destacando que o país tem assumido com responsabilidade processos de reforma no setor fiscal e económico, da Justiça e da Administração Pública, e implementando políticas públicas que procuram melhorar os índices de desenvolvimento humano.
No entanto, o chefe do Governo admitiu que “os progressos alcançados permanecem frágeis e sujeitos a constantes ameaças”.
O governante sublinhou que a recente graduação do arquipélago para a categoria de País de Desenvolvimento Médio em dezembro de 2024, “é fruto de conquistas concretas e mensuráveis” que “refletem progressos em áreas fundamentais como a saúde, a educação e a estabilidade macroeconómica”.
“Apesar disso, esta conquista, enquanto nos honra, coloca-nos perante novos e exigentes desafios que requerem respostas adequadas. É neste contexto que apelamos à comunidade internacional para que esta transição se faça de forma gradual e harmoniosa, acompanhada de um apoio contínuo e transformador, de modo a atingirmos progressos no setor económico e produtivo, preservar os ganhos alcançados e assegurar que não sejam postos em causa as conquistas arduamente conquistadas”, apelou.
Para tal, realçou que o país definiu uma visão e uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável 2026-2040, assente no turismo sustentável, que será apresentada no Fórum de Investimento, programado para o mês de dezembro do corrente ano em Bruxelas, para o qual convidou os parceiros de desenvolvimento bilateral e multilateral para que participem ativamente.
No plano internacional, Américo Ramos que falava, na quinta-feira, durante o seu primeiro discurso enquanto primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe na Assembleia Geral das Nações Unidas, defendeu uma reforma na organização das Nações Unidas e apoiou uma solução pacífica do conflito israelo-palestiniano defendendo a “coexistência de dois Estados”.
O chefe do Governo defendeu que precisa-se de “uma organização das Nações Unidas revitalizada, mais ágil e mais representativa da diversidade do mundo atual”.
“Apoiamos a reforma do Conselho de Segurança para que reflita as realidades geopolíticas do século XXI e que inclua pelo menos um assento permanente para o continente africano. É igualmente crucial reduzir a burocracia dentro do sistema das Nações Unidas para que a nossa organização possa responder de forma mais rápida e eficaz às crises globais”, declarou.
Acrescentou ainda que precisa-se de “uma ONU que se esteja mais próxima das pessoas, que serve, que seja mais transparente e inclusiva nas suas decisões e mais responsável pelos resultados”.
“Assistimos com profunda preocupação à proliferação de conflitos em diversas regiões do mundo, desde a Ucrânia ao Sudão, passando pelo Sahel, pelos grandes lagos e o Corno de África, que tem causado um sofrimento humano incomensurável e comprometendo os esforços de desenvolvimento naquelas regiões”, declarou.
Américo Ramos disse que o seu país defende “resolução pacífica de todos esses conflitos, porque só o calar das armas permite um clima em que se possa falar de um futuro melhor, com paz e desenvolvimento para todos esses povos e países”.
“São Tomé e Príncipe condena veementemente todas as formas de violência e agressão. Somos pelo respeito integral do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. Reiteramos o nosso apelo a uma solução pacífica e duradoura para o conflito israelo-palestiniano, baseando-nos na coexistência de dois Estados com fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas”, declarou o primeiro-ministro são-tomense.