Cerca de 40 pessoas manifestam em São Tomé e pedem segurança para Lucas

“O Governo e o sistema querem acabar com o Lucas para que não se conheça a verdade”, declarou Vicente Lima adiantando que tem mais vídeos com declarações de Lucas.

País -
Rádio Somos Todos Primos

Cerca de quarenta pessoas, incluindo familiares do único sobrevivente do assalto ao quartel militar são-tomense manifestaram-se hoje na capital do arquipélago, e entregaram uma petição à ONU para que “pressione” o Governo a garantir a segurança do detido. 

A manifestação começou cerca das 16:30 com participação de cidadãos anónimos, alguns familiares e cerca de uma dezena de políticos do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata, do Movimento Basta, ambos com assento no parlamento, e do Partido de Convergência Democrática (PCD) e da União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), ambos sem lugar no parlamento.

O protesto foi liderado por Vicente Lima, tio do arguido, Bruno Afonso, conhecido por Lucas, que durante a marcha lenta e pacífica deixou vários recados às autoridades são-tomenses.

“O país não precisa de militares mentirosos. O país precisa de militares para a defesa da pátria e não para inventar golpes do Estado […] Lucas nunca devia ter ido para a cadeia antes de ir para o hospital. Lucas primeiramente devia ser socorrido, cuidar da saúde antes de ir para cadeia […] Senhor Presidente da República seja homem, nós queremos o relatório da CEEAC, pois esse relatório não lhe pertence, mas ao povo de São Tomé e Príncipe”, disse Vicente Lima durante a manifestação.

Já na sede das Nações Unidas em São Tomé, Vicente Lima e a mãe do Lucas entregaram uma petição e uma “pen” ao coordenador residente, Eric Overvest, que dizem ter “algumas imagens” de declarações de Lucas na prisão “para que se tome conhecimento realmente do que aconteceu, pois o Lucas é o detentor da verdade”.

“O Governo e o sistema querem acabar com o Lucas para que não se conheça a verdade”, declarou Vicente Lima adiantando que tem mais vídeos com declarações de Lucas.

“Espero que as Nações Unidas façam pressão sobre o Governo e que ajude a sociedade são-tomense a tomar conhecimento da verdade”, acrescentou.

Após o assalto ao quartel, considerado pelas autoridades como uma tentativa de golpe de Estado, três dos quatro atacantes e um outro homem detido posteriormente pelos militares foram alvos de maus-tratos e acabaram por morrer, quando se encontravam sob custódia.

O Ministério Público (MP) são-tomense acusou 23 militares, incluindo o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Olinto Paquete e o atual vice-chefe do Estado-Maior, pela tortura e morte dos quatro homens.

Bruno Afonso era um dos quatro atacantes, foi alvo de agressões e detido.

Segundo os familiares, “Lucas” diz ter vários problemas de saúde devido às agressões e pede internamento hospitalar.

“Ultimamente devido a muita pressão nacional e internacional já começaram a dar alguma atenção […] esperamos que desta vez tenha realmente o cuidado médico contínuo para que possa melhorar e que no momento do julgamento esteja nas boas condições físicas e morais para que realmente o povo, a sociedade e o mundo saiba e tenha o conhecimento da inventona”, disse Vicente Lima.

Relativamente a fraca participação de populares na manifestação, Vicente Lima justificou com o atual contexto social de “medo” que diz existir no país.

“Há muito medo, mais há muito medo em São Tomé e Príncipe devido a circunstâncias de serem as Forças Armadas os principais culpados Mesmo os nossos familiares alguns não quiseram vir. O Povo está manietado, o povo está aterrorizado […] a expectativa era que nós tivéssemos mais gente, não tivemos, mas nós entendemos, mas foi cumprido o nosso objetivo que era a entrega da carta”,”, justificou.

Sobre o ataque, o MP já tinha acusado em fevereiro nove militares e um civil de envolvimento no assalto ao quartel das Forças Armadas, sete dos quais acusados do crime de homicídio qualificado na forma tentada.

Recentemente o Ministério Público são-tomense acusou 23 militares, incluindo o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Olinto Paquete e o atual vice-chefe do Estado-Maior, Armindo Rodrigues, pela tortura e morte de quatro homens, dos quais no assalto ao quartel das Forças Armadas em novembro.

Na semana passada, o MLSTP/PSD exigiu a demissão do ministro da Defesa e responsáveis das Forças Armadas, após a acusação do Ministério Público.

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