São-tomenses lançam petição a Guterres para “impedir mais derramamento de sangue” em STP

A petição, lançada online, já reuniu 679 assinaturas até a manhã desta quinta-feira, pede ao secretário-geral da ONU que exerça a sua “magistratura de influência para impedir mais derramamento de sangue e ilegalidades similares” em São Tomé e Príncipe.

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Rádio Somos Todos Primos

Um grupo de são-tomense lançou esta semana uma petição que já conta com cerca de 700 assinaturas, apelando a intervenção direta do secretário-geral da ONU para evitar mais derramamento de sangue no país após a morte de quatro detidos sob custódia militar na sequencia de um ataque ao quartel-general ocorrido no dia 25 de novembro.

“Foi com choque e horror crescente que fomos seguindo as notícias, em primeira mão veiculadas oficialmente pelo Senhor Primeiro-Ministro e Chefe do Governo, Patrice Trovoada, qualificando os factos como tentativa de golpe de Estado, proferindo acusações expressas a presumíveis mandantes e anunciando de forma tranquilizadora à população, a não ocorrência/existência de vítimas mortais”, lê-se na petição.

O documento, dirigido a António Guterres, pede ao responsável máximo das Nações Unidas que “interceda a favor do povo de São Tomé e Príncipe, enquanto país-membro” da ONU para “facilitar mecanismos internacionais disponíveis e eficazes” para desenvolver uma investigação que permita o “cabal apuramento dos factos” que envolvem o assalto ao quartel-general das Forças Armadas, ocorrido em 25 de novembro, e no qual quatro pessoas detidas pelos militares foram sujeitas a maus-tratos e morreram.

A petição, lançada online já reuniu 679 assinaturas até a manhã desta quinta-feira, pede ao secretário-geral da ONU que exerça a sua “magistratura de influência para impedir mais derramamento de sangue e ilegalidades similares” em São Tomé e Príncipe.

“Somos um ‘povo de brandos costumes’ e gostaríamos de continuar a sê-lo. Nos dias que correm este é decerto um dos nossos principais valores e um dos nossos trunfos, pelo que não podemos dar-nos ao luxo de os perder. Estamos certos de que vossa excelência, como português, compreenderá a angústia da nossa atual existência”, lê-se no abaixo-assinado.

Entre os promotores da iniciativa estão o analista político, Danilo Salvaterra e o magistrado jubilado Carlos Semedo que defendem ser “imprescindível que tudo seja feito para um cabal apuramento dos factos (e respetivas responsabilidades criminais, políticas e civis) que deram origem à alegada tentativa de golpe de Estado e que originaram as detenções ilegais, sevícias, tortura e mortes”.

A petição aponta para eventuais “pressões, aos níveis interno e eventualmente externo” para “evitar ao máximo uma investigação objetiva, transparente e imparcial”.

“A natureza e dimensão dos atos de terror e perseguição constituem total novidade no nosso país, onde impera no presente um clima generalizado de medo, por receios justificados de caça às bruxas, revanchismo, e tentativa de implantação de métodos ditatoriais, aos quais os atuais dirigentes políticos do país já em tempos atrás, nos habituaram”, acrescenta.

Em entrevista à Lusa, na quarta-feira o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, negou qualquer envolvimento nos acontecimentos e acusou os seus opositores de criarem “uma cortina de fumo”, enquanto afirmou que o clima no país está calmo.

Após o ataque ao quartel-general militar, três dos quatro assaltantes e Arlécio Costa, um antigo combatente do ‘batalhão Búfalo’ alegadamente identificado como mandante do ataque, morreram, quando se encontravam sob custódia dos militares, tendo circulado imagens e vídeos que mostram que foram alvo de maus-tratos.

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