PM participa em reunião de chefes de Estado da CEEAC para analisar golpe de estado no Gabão

O chefe do Governo são-tomense considerou que o golpe de Estado no Gabão  “aconteceu no memento da proclamação dos resultados eleitorais”, quando as instituições de caris político, nomeadamente o Presidente da República, a Assembleia e as autarquias “estavam no final do mandato”.

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Patrice Trovoada

 O primeiro-ministro, Patrice Trovoada e o Presidente angolano, João Lourenço, participam hoje numa reunião de chefes de Estados da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), na Guiné Equatorial, para analisar o golpe de estado ocorrido no Gabão, descartando intervenção militar para repor a normalidade no país africano.

Segundo Patrice Trovoada, trata-se uma “cimeira extraordinária” exclusivamente dedicada a análise da situação no Gabão depois do golpe de estado de quarta-feira.

“Veremos depois de apreciarmos de novo a situação, o desenvolvimento que houve nessas últimas horas […] como é que podemos ter uma posição que vai sempre no sentido de voltar à normalidade democrática e institucional”, disse o primeiro-ministro, no domingo, no aeroporto internacional Nuno Xavier.

Questionado pelos jornalistas se apoiaria uma eventual intervenção militar da CEEAC no Gabão, o chefe do Governo são-tomense afirmou que “isso não está e nunca esteve na ordem do dia” da reunião.

“São Tomé e Príncipe particularmente privilegia sempre o diálogo, a diplomacia para ver se as partes conseguem se entender para um regresso o mais rapidamente possível a normalidade democrática”, sublinhou Patrice Trovoada.

O chefe do Governo são-tomense considerou que o golpe de Estado no Gabão  “aconteceu no memento da proclamação dos resultados eleitorais”, quando as instituições de caris político, nomeadamente o Presidente da República, a Assembleia e as autarquias “estavam no final do mandato”.

“O golpe aparece depois da publicação dos resultados que os militares e a oposição também consideraram que houve fraude […] é uma situação particular, temos que respeitar a expressão popular”

O chefe do Governo são-tomense disse esperar que seja possível “encontrar as vias e os meios de diálogo, de negociação sempre pacífica” com o atual poder que se instalou no Gabão “para que mais cedo possível se volte a normalidade”.

O Presidente de Angola, João Lourenço, também vai participar da reunião, devendo viajar na segunda-feira, segundo nota de imprensa enviada à Lusa.

 “A reunião de alto nível da CEEAC resulta das consultas mantidas na passada quinta-feira, em Oyo, República do Congo, entre os Presidentes João Lourenço e Dennis Sassou N’Guesso [Presidente da República do Congo], em que foi assumida a necessidade da convocação de uma cimeira extraordinária da CEEAC com o objectivo de dotar a organização de uma liderança, a fim de evitar o vazio jurídico e de garantir a continuidade das suas actividades, tendo em conta os eventos ocorridos na república gabonesa”, lê-se na nota. 

O Presidente deposto do Gabão, Ali Bongo, presidia a CEEAC desde fevereiro.

Fazem parte da CEEAC Angola, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Tchad, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda, São Tomé e Príncipe e República Democrática do Congo.

Na semana passada, os militares tomaram o poder menos de uma hora depois do anúncio da reeleição do Presidente Ali Bongo Ondimba, alegando que os resultados das eleições presidenciais tinham sido alterados, e que o seu regime era marcado por uma “governação irresponsável e imprevisível”.

Bongo está em prisão domiciliária em Libreville desde o golpe. Sylvia Bongo, a sua mulher franco-gabonesa, também está detida em regime de incomunicabilidade, disseram os seus advogados na sexta-feira, anunciando que apresentaram uma queixa em França por detenção arbitrária.

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