Sindicatos negam acordo com Governo e mantêm greve na educação

Hoje, a porta-voz da intersindical rejeitou a existência de um acordo com o Governo e afirmou que “em momento nenhum” foi exigido o pagamento do salário de março, mas sim o esclarecimento sobre o salário de fevereiro antes do período da greve.

Educação -
Rádio Somos Todos Primos

Os sindicatos de professores são-tomenses negaram hoje um alegado acordo anunciado pelo Governo para a suspensão da greve no setor da educação a partir de segunda-feira, acusando o executivo de querer confundir a opinião pública.

“Não há assinatura de nenhum memorando, nem há possibilidade de acordo porque nós ainda estamos em negociações (…). O comunicado de ontem [sexta-feira] feito pelo Governo, não tem sentido nenhum para nós a intersindical”, disse hoje em conferência de imprensa a porta-voz da organização sindical, Vera Lombá, ladeada pelos presidentes dos outros três sindicatos.

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Num comunicado divulgado hoje, mas datado de sexta-feira, o Governo são-tomense anunciou que “as partes chegaram finalmente a um acordo na tarde desta sexta-feira (…) sobre todos os pontos constantes do caderno reivindicativo apresentado pelos sindicatos, com o compromisso de retoma das aulas na próxima segunda-feira”.

No entanto, o executivo referiu que “lamentavelmente, quando as partes se prestavam a assinar o memorando”, os dirigentes dos sindicatos apresentaram “uma nova exigência, alheia ao caderno reivindicativo”, nomeadamente, “que o Governo pague integralmente os salários referente ao mês de março, em que estiveram de greve”, condicionando a aceitação da referida exigência à assinatura do respetivo memorando e, consequentemente, o recomeço das aulas.

“Esta atitude lamentável dos dirigentes sindicais, não deveria constituir um obstáculo válido para a não assinatura do memorando e o reinício das aulas. Mesmo assim, o Governo transmitiu a intersindical a sua predisposição em analisar essa questão nova, logicamente, num outro quadro, logo após o recomeço das aulas”, lê-se no comunicado.

Hoje, a porta-voz da intersindical rejeitou a existência de um acordo com o Governo e afirmou que “em momento nenhum” foi exigido o pagamento do salário de março, mas sim o esclarecimento sobre o salário de fevereiro antes do período da greve.

“Não houve conversa para haver um acordo. Isso é confundir a opinião pública, principalmente os professores e isto para nós é desonesto. Nós estamos de boa-fé, estamos de forma honesta nessa negociação, porque estamos a tratar dos nossos salários e de mais de 3.700 professores”, referiu Vera Lombá.

“O Governo tem que estar de boa-fé, o Governo tem que ser justo, sério e honesto”, insistiu a líder sindical.

Segundo frisou Vera Lombá, os professores querem dar aulas, mas “também precisam de ter a sua situação familiar, a sua situação financeira minimamente garantida e com um mínimo de dignidade”.

De acordo com a sindicalista, no início da reunião de sexta-feira, que disse ter sido suspensa pouco tempo depois, a pedido da ministra da Educação, Isabel D’Abreu, alegando motivos pessoais, o Governo apresentou a mesma proposta de há uma semana, a qual os representantes dos docentes consideram que “não é suficiente” e “não engaja os professores”.

“Nas nossas contas, para o que Governo nos quer dar há um aumento de 500 dobras (cerca de 20 euros) para a categoria mais alta e um aumento de 330 dobras (quase 14 euros) para a categoria mais baixa”, disse Vera Lombá.

Interpelado hoje pela imprensa à margem de uma marcha das mulheres das Forças de Defesa e Segurança, em alusão ao mês das mulheres, o primeiro-ministro reafirmou os argumentos do Governo e lamentou a posição dos sindicatos.

“Estamos de novo num beco sem saída, devido essa atitude que eu acho que não é flexível, não é compreensível. Não trabalharam todo o mês de março, e se continuam com greve não vão trabalhar alguns dias de abril e não sei quando é que vai acabar”, referiu Patrice Trovoada.

“Que fique claro, nós não pagamos por quem não trabalha e está na lei, mas podemos ver como é que podemos ajudar o sindicato a resolver o problema. Agora não podem impor ao Governo”, acrescentou o chefe do executivo são-tomense.

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