Crónica: Crítica ao sistema educacional santomense – episódio 1

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EducacionalSTP

Ivanick Lopandza - Mestre em Economia Aplicada à Gestão

A base de todo o problema educacional é só um, o que vemos hoje, são meros desdobramentos desse problema fulcral. Como nasceu o problema? – A partir da ideia de que existe um Estado gratuito onde todos pudessem usufruir de uma educação de qualidade e ninguém pagaria a conta. Criou-se um Monstro pesado demais para um Estado tão magro e de tão pouca arrecadação. 

Todavia, empurrando com a barriga conseguiu-se meter mais e mais jovens na educação, o que é bom. Onde está o problema? – Se todos usam e ninguém paga o seu valor real pelo que usa e vai entrando mais pessoas no sistema, simplesmente, o ciclo na fecha. De tempo em tempo surge sempre um projeto que ajuda na saia justa educacional, mas os sinais visíveis da sua deterioração são cada vez mais gritantes. 

Pensemos, a propina dos alunos não cobre sequer os salários dos professores. Temos de colocar também o setor administrativo das escolas, os seus inspetores e delegados, a infra-estrutura escolar e administrativa nessa equação. Sem esquecer do crescimento da nossa população jovem e da demanda por mais escolas. 

De qualquer modo, é irrevogável que os alunos estão na escola. Turmas de até 73 alunos sem ventoinha; aulas de TIC sem computadores e outras aberrações do quotidiano. Os alunos estão lá, mas com fome e sem dinheiro para os “folhetos”. Tem sempre “padrinhos” que por algum favor sexual sempre ajudam a pagar pelos folhetos e telemóveis novos. Contudo, o problema continua á. 

Por outro lado, o nosso sistema educacional permite a existência de ensino privado. Geralmente cai no privado os mais privilegiados, os filhos de quem decide o rumo da política educacional. Imaginemos um produtor de jaca que não consome a própria jaca, e sendo mais bizarro, importa jaca de Lisboa – Assim anda a nossa educação, sem querer, é uma criadora de desigualdades sociais. 

O que fazer? – Até o próximo capítulo.

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