Prémio especial do Júri para “Constelações do Equador” do realizador são-tomense, Silas Tiny

O filme procura vestígios dos acontecimentos relacionados com a guerra civil, desencadeada em 30 de Maio de 1967 e a declaração unilateral da independência do Biafra, Nigéria.

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silas tiny

“Constelações do Equador”, é um documentário que tem a produção portuguesa e direção do realizador são-tomense, Silas Tiny que foi premiado pelo júri da competição internacional do festival de Sheffield – DocFest 2021 -, que decorreu de 4 a 17 de Outubro.

Segundo o palmarés do certame, “Constelações do Equador” “revisita o ano de 1967, quando a guerra de sucessão do Biafra e a fome que esta guerra [provocou], condenaram à morte de centenas de milhares de pessoas, em particular crianças, no continente africano”,

O filme combina a observação local, depoimentos, imagens de arquivos e factos históricos esquecidos, relacionados com a guerra civil, desencadeada em 30 de Maio de 1967 e a declaração unilateral da independência do Biafra, que constitui um dos primeiros conflitos pós-coloniais de África.

Passado meio século, o filme procura vestígios dos acontecimentos, através da memória dos sobreviventes do conflito, e da ponte aérea feita na altura, entre a Nigéria e São Tomé e Príncipe.

A vaga de refugiados, a situação limite dos sobreviventes, sobretudo de milhares de mulheres e crianças chegados das zonas de conflito, o acesso restrito aos locais que os acolhiam, a falta de informação da administração colonial, a repreensão da ditadura portuguesa e a vida num território ainda marcado por séculos de escravaturas e de trabalho forçado, são identificados no filme de Silas Tiny, conhecido por outras produções documentais como “O canto de Ossôbô (2018)” e “Bafatá Filme Clube (2013)”.

 Silas Tiny, nasceu em São Tomé no ano de 1982, e com apenas 5 anos de idade, emigrou com a família para Portugal. Em 2013, realizou a sua primeira longa metragem documental “Bafatá Filme Clube (2011)”, antes mesmo de concluir o curso de realização na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.

O documentário reflete sobre a importância que a vila de Bafatá, na Guiné-Bissau, teve no período colonial e a sua posterior desertificação, através de um cinema desativado que foi a alma da vila até à Independência em 1975. Em 2017, lançou a sua primeira longa metragem com a “Divina Comédia, o Canto de Ossôbô” sobre a memória e a pertença na ilha de São Tomé.

O seu último projeto concluído em 2021, o filme “Constelações do Equador”, que ganhou o prémio especial do júri no Sheffield DocFest 2021, é um olhar sobre a guerra do Biafra e o papel de São Tomé com a produção da Divina Comédia e apoio do Instituto de Cinema e do Audiovisual (ICA).

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