Cerca de 85% da população de São Tomé e Príncipe consome álcool – Estudo

ão Tomé e Príncipe tem um “número insuficiente de recursos humanos”, situando em 2,4 médicos, enfermeiros e parteiras por mil habitantes, quando a OMS recomenda um rácio de 4.4 a 5, “como ideal para alcançar a cobertura universal da saúde”.

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Rádio Somos Todos Primos

Cerca de 85% da população de São Tomé e Príncipe consome álcool, segundo dados do relatório da missão da cobertura universal da saúde divulgados na terça-feira pela Organização Mundial da Saúde, que pede a mudança de estilo de vida no arquipélago.

Os dados foram apresentados durante a entrega da nova estratégia da OMS para garantir a cobertura universal da saúde em São Tomé e Príncipe.

Cerca de “85% da população de São Tomé e Príncipe consome álcool, 54% consome menos de cinco porções de frutas ou legumes por dia, cerca de 18% consome regularmente alimentos processados ricos em sal e sete em cada dez pessoas em São Tomé e Príncipe não pratica qualquer tipo de atividade física”, anunciou Sara Pereira, consultora da OMS em São Tomé e Príncipe.

O arquipélago são-tomense com cerca de 1001 quilómetros quadrados tem cerca de 200 mil habitantes, segundo dados do último recenseamento geral da população de 2012.

Sara Pereira indicou outros dados que permitem avaliar as áreas que deverão ser prioritárias “para melhorar a qualidade de vida e os indicadores de saúde no país”, sublinhando a ​necessidade de mudança de hábitos de vida no arquipélago.

A médica consultora da OMS referiu que o estudo realizado no ano passado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), concluiu que 54% das famílias são-tomenses “não conseguem comprar os medicamentos necessários”, essencialmente para o tratamento das doenças crónicas, e 10% “não conseguem ter acesso aos serviços de saúde de que precisam”.

“Além disso, acresce ainda dizer que São Tomé e Príncipe é o pequeno Estado insular em desenvolvimento com maior percentagem de custo catastróficos em saúde […] há uma percentagem importante de famílias em São Tomé que ao pagarem diretamente custos da saúde empobrecem, ou seja gastam mais de 40% do seu orçamento doméstico em cuidados de saúde”, indicou.

Sara Pereira referiu que o investimento do Governo no Orçamento Geral do Estado (OGE) para o setor da saúde tem vindo a aumentar, situando em 11%, mas sublinha que ainda está “um pouco a quem daquilo que é o valor ideal”, 15%.

A consultora indicou que São Tomé e Príncipe tem um “número insuficiente de recursos humanos”, situando em 2,4 médicos, enfermeiros e parteiras por mil habitantes, quando a OMS recomenda um rácio de 4.4 a 5, “como ideal para alcançar a cobertura universal da saúde”.

“É realmente um domínio que precisa de investimento”, precisou.

Durante a apresentação dos dados, a consultora da OMS afirmou que houve ganhos nos últimos anos, sobretudo nos 14 indicadores do índice de cobertura universal de saúde, nomeadamente saúde reprodutiva, maternoinfantil e neonatal, doenças infecciosas, doenças não transmissíveis, vacinação e acessibilidade aos serviços da saúde.

No entanto, “este indicador também esconde alguma desigualdade ainda existente no contexto nacional, seja pelas fragilidades do seu sistema de saúde, seja porque do ponto de vista geográfico financeiro nem todas as pessoas de São Tomé e Príncipe têm igualmente acesso aos cuidados de saúde”.

Sara Pereira referiu-se também a um novo indicador que cobre a saúde, educação e nível de vida das pessoas, que concluiu que “11,7% da população é multidimensionalmente pobre” em São Tomé e Príncipe.

“Significa que as pessoas não têm saúde, que é preciso investir na educação, mas que é preciso também olhar para as suas condições de vida […] se queremos saúde temos que fazer uma abordagem multissetorial. Não é suficiente tratar a doença se as condições de habitação, se o acesso a água potável, e se as condições de saneamento não são suficientes”, disse.

A OMS alerta que “existe um novo perfil epidemiológico” em São Tomé e Príncipe em que as doenças não transmissíveis, como diabetes, cancros ou traumatismos, “representam uma crise para a saúde, mas também uma crise económica e de desenvolvimento do país” porque os gastos para o controlo dessas doenças são muito elevados e o país ter recursos limitados.

A Organização Mundial da Saúde entregou ao Governo são-tomense a nova estratégia, avaliada em 9 milhões de euros, com cinco prioridade para melhorar a qualidade e acesso aos serviços da saúde e reforçar as capacidades dos recursos humanos no arquipélago até 2027.

“Cobertura universal da saúde significa que todas as pessoas, sem exepção, ninguém fica para trás, mas todos têm aceso a cuidados de saúde de qualidade, sempre e onde precisarem, independentemente da fase e do ciclo de vida em que se encontram”, sublinhou Sara Pereira durante a apresentação do documento.

A nova estratégia foi apresentada numa cerimónia que contou a presença de membros do Governo são-tomense, responsáveis do setor da saúde e das agências da ONU.

“Uma vez cumprindo estas estratégias em conjunto e com suporte técnico da OMS, o Ministério da Saúde, Trabalho e Assuntos Sociais, e mais propriamente São Tomé e Príncipe estará no futuro muito melhor do que se encontra hoje. O caminho é longo, mas faz-se caminhando e o primeiro passo começa hoje com a implementação deste documento e sua respectiva materialização”, sublinhou o ministro da Saúde são-tomense, Celsio Junqueira.

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