PM diz que “não há motivos para tanta estranheza” face ao acordo militar com a Rússia

“Cabe ao Governo negociar, assinar e a partir daí seguem os outros trâmites […] vamos evitar polémicas desnecessárias, isso faz parte do trabalho quotidiano do governo”, reagiu o primeiro-ministro, quando questionado sobre o assunto.

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Rádio Somos Todos Primos

O primeiro-ministro Patrice Trovoada defendeu que “não há motivos para tanta estranheza” face ao acordo militar assinado com a Rússia e apelou para se evitar “polémicas desnecessárias” e que o documento será submetido posteriormente ao parlamento.

“É um acordo perfeitamente normal, habitual […]  um acordo de cooperação militar, mais ou menos, no formato que temos com vários países ocidentais não me parece algo de novo, nem de preocupante […] Daí que não há motivos para tanta estranheza quanto a esse acordo, que é um acordo normal, pacífico, sem nada de extraordinário”, sublinhou Patrice Trovoada em entrevista à RDP África, na quarta-feira.

O primeiro-ministro assegurou que a assinatura deste acordo com a Rússia não muda a posição do Governo são-tomense face à posição assumida anteriormente por São Tomé e Príncipe em relação a Guerra na Ucrânia.

“A nossa posição foi sempre muito clara de condenação da invasão militar da Rússia em relação a Ucrânia no quadro de um conflito entre eles”, assegurou.

No entanto, Patrice Trovoada sublinhou que o conflito não eliminou a relação de São Tomé e Príncipe com os seus parceiros.

“Não deixamos de ser amigos da Rússia como somos amigos da Ucrânia, não deixamos de prender cooperar com todos os países que por exemplo afirmam-se prontos a lutar contra o terrorismo, lutar contra todas as espécies de ameaças transnacionais, nomeadamente ligadas ao crime, não deixamos também de procurar junto de todos os parceiros os apoios necessários para fortalecer as nossas próprias forças de defesa e segurança”, referiu o chefe do Governo são-tomense.

Questionado sobre o acordo não estaria a contribuir para uma alegada estratégia de expansão russa no continente africano, Patrice Trovoada respondeu: “Somos um país independente, soberano e não estamos abertos à expansão de outros países”.

Segundo a agência de notícias oficial russa Sputnik, o acordo foi assinado em São Petersburgo em 24 de abril e começou a ser aplicado em 05 de maio, o que também motivou criticas da oposição.

Questionado ainda sobre as críticas da oposição face pelo facto de o acordo não ter sido enviado para o parlamento, o primeiro-ministro desvalorizou.

“Cabe ao Governo negociar, assinar e a partir daí seguem os outros trâmites […] vamos evitar polémicas desnecessárias, isso faz parte do trabalho quotidiano do governo”, reagiu o primeiro-ministro, quando questionado sobre o assunto.

São Tomé e Príncipe assinou com a Rússia um acordo técnico militar, “por tempo indeterminado”, que prevê formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago

A também russa TASS tinha noticiado uma reunião, nesse dia, em Moscovo, do responsável do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolay Patrushev, com o ministro da Defesa de São Tomé e Príncipe, Jorge Amado, para discutir “questões de interesse mútuo”.

Segundo a imprensa russa, as duas partes acordaram cooperar nos domínios da formação conjunta de tropas, recrutamento de forças armadas, utilização de armas e equipamento militar, logística, intercâmbio de experiências e informações no quadro da luta contra a ideologia do extremismo e do terrorismo internacional, educação e formação de pessoal.

Além disso, o acordo entre os dois países prevê a participação em exercícios militares.

A Sputnik cita o acordo referindo que a cooperação militar entre os países “contribui para fortalecer a paz e a estabilidade internacional”.

Na quarta-feira, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), líder da oposição são-tomense, criticou “o secretismo” com que o Governo assinou o acordo militar com a Rússia, vaticinando consequências na relação com a União Europeia e os Estados Unidos.

“Trata-se de um acordo que em momento nenhum ouvimos qualquer comunicado do Conselho de Ministros a fazer alusão. Um acordo desta envergadura, numa área bastante sensível e atendendo ao contexto mundial neste momento, penso que exige interação entre os vários órgãos de soberania, portanto Governo, Presidência da República e conhecimento da Assembleia Nacional para a aprovação e a sua ratificação pelo Presidente da República”, defendeu o líder da oposição são-tomense, Jorge Bom Jesus.

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