ENTREVISTA: Oposição são-tomense aponta falta de transparência em negócio de novos geradores

“Se não se quer abrir brechas para a corrupção é bom que o povo saiba, sobretudo a casa do povo que é a Assembleia Nacional”, apelou o ex-primeiro-ministro são-tomense.

Economia -
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O MLSTP, maior partido da oposição são-tomense, criticou “forma de gestão opaca” do Governo e denunciou a alegada falta de transparência no negócio entre o Governo e uma empresa turca que instalou cinco novos geradores numa central da capital para produzir 10 megawatts de eletricidades.

Em entrevista à RSTP, o presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), Jorge Bom Jesus, criticou a “forma de gestão opaca” do Governo são-tomense, liderado pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada, que considera ter como “imagem de marca” a “falta de transparência na gestão da coisa pública”.

Jorge Bom Jesus defendeu que o processo de aquisição dos geradores para exploração de energia térmica num acordo com a empresa turca “também não tem sido devidamente esclarecido à opinião pública” e referiu que a Assembleia Nacional e os deputados, “que representam a casa do povo, também não conhecem este projeto”.

“Há sempre especulações. O Governo vem, a dose homeopática, injetando uma ou outra informação de forma muito cirúrgica. […] Nós achamos que são dossiês que têm de ser suficientemente socializados, discutidos, inclusivamente com as forças da oposição”, disse Jorge Bom Jesus.

O líder da oposição são-tomense considerou que “a própria localização desta central é polémica” por se situar no centro da cidade, perto do rio Água Grande e de escolas, “com todo o problema de poluição” que vem desde o passado.

Bom Jesus reclama também a falta de informações sobre o estatuto da empresa, o tipo de parceria celebrada com o Governo, os custos de produção de energia, bem como o fornecimento de combustíveis para o funcionamento dos geradores da empresa e ainda os problemas ambientais.

“Se não se quer abrir brechas para a corrupção é bom que o povo saiba, sobretudo a casa do povo que é a Assembleia Nacional”, apelou o ex-primeiro-ministro são-tomense.

Na terça-feira, a Empresa de Água e Eletricidade (Emae) de São Tomé e Príncipe anunciou a regularização do fornecimento de energia à população com a duplicação da produção para 20 megawatts, após mais de dois meses de cortes constantes.

“Agora, com as manutenções feitas nas diferentes centrais e com a instalação da nova central com a cooperação turca, podemos melhorar aquilo que é a nossa potência e estamos em condições de oferecer a energia com melhor qualidade para a população são-tomense”, anunciou o diretor de eletricidade da Emae, Clério Boa Esperança.

Segundo o responsável, o nível de consumo de eletricidade em todo o país é de quase 19 megawatts, mas após a manutenção em várias centrais e a instalação de cinco novos geradores por uma empresa turca, que entrou na rede no sábado, com mais 10 megawatts, a capacidade de produção situa-se acima dos 20 megawatts.

Questionado sobre o fornecimento de combustível para o funcionamento dos geradores da empresa, Clério Boa Esperança disse que “nesta fase inicial” a Emae terá de garantir à empresa de forma a melhorar a produção e estabilizar a situação energética no país, mas remeteu para o futuro a divulgação do acordo para o conhecimento público.

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