Mulheres com deficiências reclamam por mais inclusão na sociedade são-tomense

Com o objetivo de se sentirem mais unidas, as mulheres com deficiência em São Tomé, reuniram-se pela primeira vez em confraternização para celebrarem as conquistas femininas e reivindicar igualdade de direitos.

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Rádio Somos Todos Primos

Na comemoração do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as mulheres com deficiências em São Tomé e Príncipe estiveram “isoladas entre si”, numa confraternização, marcada pelo apelo de mais inclusão na sociedade são-tomenses e lamentos devido a discriminação e a falta de oportunidade de emprego que ainda persiste.

“Espero que cada uma de nós continue a inspirar, liderar e transformar, pois somos as verdadeiras heroínas que impulsionam o progresso e a prosperidade de São Tomé e que reconheçam a importância da inclusão de nós mulheres com deficiências”, apelou a representante das mulheres com deficiências em São Tomé, Marina Marques.

A porta-voz das mulheres com deficiências que falava numa confraternização do grupo em alusão ao dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, sublinhou que “cada mulher independentemente das suas habilidades contribui de uma maneira única para a diversidade e a riqueza da sociedade”.

“Vamos celebrar e valorizar todas as mulheres são-tomenses, garantindo que nenhuma seja deixada para trás como apela a ONU.  Juntas, unidas e solidárias somos mais fortes e capazes de alcançar um futuro mais inclusivo e igualitário para todas”, precisou Marques.

Estas mulheres condenam o facto da insistente exclusão social e lamentam a pouca atenção do Governo à esta classe.

“Pessoas vêm-nos como inválidas, que nós não valemos nada, pessoas não nos dão preferência”, disse Etervina Major, uma das deficientes sublinhando que a maioria das mulheres com deficiência no país sofrem “discriminação”.

“Hoje em dia, as mulheres deficientes estão mesmo a serem excluídas, porque [muitos] acham que nós não temos capacidade por sermos deficientes”, disse Odaymanilza.

Maria Fernanda tem 50 anos, e tornou-se deficiente em uma das pernas quando tinha 5 anos de idade.

Fernanda considera que a vida da mulher com deficiência no país, tem sido cada vez mais difícil apesar da discriminação ter diminuído um pouco.

“É muito difícil, porque já que somos deficientes, as pessoas vêm-nos com olhares diferentes. Agora melhorou um pouco, antigamente, não tínhamos nenhuma oportunidade, mesmo na escola, no trabalho, colega isola [-nos] por sermos deficientes”, disse Maria Fernanda.

A celebração do dia 8 de março na ACASTEP reuniu pela primeira vez dezenas de mulheres com deficiência, que fazem parte das várias associações de deficientes em São Tomé, numa iniciativa da Federação das Associações de Pessoas com Deficiências de São Tomé e Príncipe

O presidente da organização, Osvaldo Reis considerou que as mulheres com deficiências “são triplamente discriminadas” na sociedade são-tomense.

“[Elas são discriminadas] pelo marido, pelo emprego ou melhor, pela vida social, no dia a dia, elas discriminadas”, lamentou.

No entanto, o Presidente da Associação dos deficientes de São Tomé e Príncipe, Arlindo Chissano, destacou as competências destas mulheres na sociedade, mas o fenómeno da discriminação também é o motivo de preocupação para a associação.

“A maioria das mulheres que nós temos cá, são educadoras e têm licenciaturas. Porquê que elas não podem fazer aquilo que as mulheres normais também fazem?”, questionou Chissano, reforçando que a maioria dos deficientes são habilitados.

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