Crise sem precedente de medicamentos põe em risco a vida de cidadãos em São Tomé e Príncipe – Médicos

O bastonário da Ordem dos Médicos referiu que a situação de falta de medicamentos vem sendo uma rotina no país, mas “a atual situação é gravíssima”, apontando a falta de “soros apropriados para o tratamento da maioria das situações clínicas, nem para a realização de cirurgias, nem para a cura das feridas”.

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A Ordem e o Sindicato de Médicos são-tomenses denunciaram hoje uma “crise sem precedente de medicamentos” que põe em risco a vida dos cidadãos e tem forçado os profissionais a realizar ações médicas fora das regras, “na tentativa desesperada de salvar vidas”. 

Num comunicado conjunto com o Sindicato de Médicos, os profissionais de saúde sublinharam que veem acompanhando “de forma apreensiva a alarmante situação dos medicamentos nas unidades de saúde do país”, acrescentando que há mais de dois meses que se verifica “uma crise sem precedente de medicamentos e de meios de diagnóstico laboratorial que põe em risco a vida de qualquer cidadão que de repente se encontra numa situação de necessidade destes medicamentos”.

Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, Celso Matos, que leu o comunicado, ladeado pela presidente do Sindicato dos Médicos, Benvinda Vera Cruz, estas organizações mantiveram encontros separados com a direção do hospital, com delegados distritais e com a ministra da Saúde, Ângela Costa.

Celso Matos afirmou que todas essas entidades assumiram a “situação de carência de medicamentos”, sem dar a garantia da resolução do problema, “alegando que os constrangimentos têm a ver com as dificuldades financeiras do país”.

O bastonário acrescentou que as entidade deram conta da previsão de chegada de medicamentos para o dia 10 de junho, numa altura em que os médicos já têm estado a praticar ações fora das normas.

“Até lá, é importante que tanto a população como as entidades judiciais deste país saibam em que condições estamos a trabalhar para evitar situações de agressão física ou de injusta imputação de responsabilidade para com os médicos e outros profissionais de saúde que neste preciso momento estão forçosamente, por conjuntura de circunstâncias, a realizar ações médicas fora do que são as normas tanto do ato médico, como do conhecimento científico, simplesmente na tentativa desesperada de salvar vidas”, declarou Celso Matos.

O bastonário da Ordem dos Médicos referiu que a situação de falta de medicamentos vem sendo uma rotina no país, mas “a atual situação é gravíssima”, apontando a falta de “soros apropriados para o tratamento da maioria das situações clínicas, nem para a realização de cirurgias, nem para a cura das feridas”.

“Os antibióticos mais eficazes estão escassos, obrigando a grau de racionalização inaceitável e perigo, e não garante a cura dos doentes […]. Muitos dos profissionais, perante essas dificuldades recorrentes, encontram-se frustrados, indignados e esgotados. Veem, em muitas situações, a vida e saúde dos doentes, a sua conduta profissional, postas em causa”, acrescentou.

Ainda assim, Celso Matos disse que os profissionais de saúde mantêm “a esperança de que, o mais breve possível, se consiga dar resposta a essas necessidades” e garantem o “maior esforço” para dar resposta a cada cidadão que deles precisam.

O comunicado dos médicos surge dois dias após um cidadão ter denunciado nas redes sociais que o seu tio teria falecido por falta de soro no hospital central Ayres de Menezes.

Em comunicado enviado na tarde de hoje à RSTP, o Governo são-tomense refere que  a Ministra da Saúde e dos Direitos da Mulher, Ângela Costa informou ao Conselho de Ministros na reunião de terça-feira “que não há ruptura de stock [de medicamentos], mas que existe escassez devido a atrasos nos navios e que estão a ser feitos esforços para resolver a situação”.

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